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‘Terapia de choque’ orienta futuros motoristas no HC.

 

Aproximadamente 60 alunos do Ensino Médio de duas escolas estaduais de Campinas (SP) receberam palestras e visitaram a enfermaria do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nesta terça-feira (2) para ouvir relatos de vítimas de acidentes de trânsito. A iniciativa fez parta da última edição deste ano do programa de prevenção do risco de trauma em decorrência do uso de álcool na juventude, promovido pela Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatrizado (Sbait.)

O programa denominado P.A.R.T.Y existe no município desde 2010 e já recebeu 76 escolas de toda a região. No ano que vem terão passado pelo programa 4 mil estudantes. O presidente da Sbait e coordenador da disciplina de Cirurgia do Trauma na Unicamp, Gustavo Fraga, explicou que o objetivo é reduzir o número de acidentes de trânsito pela conscientização de futuros motoristas.

Sustos

“A terapia do programa é de choque. Os alunos chegam brincando, descontraídos, mas quando vão para a enfermaria após algumas palestras para ver e ouvir as histórias reais, ficam mais assustados”, avalia Fraga, responsável por trazer o programa a Campinas.

Os estudantes também conversaram com cadeirantes. O objetivo deste relato é transmitir com detalhes como é a vida de uma pessoa com sequelas tão graves. O Datasus aponta que, entre janeiro e setembro deste ano, 49 pessoas morreram na região de Campinas vítimas de acidentes de trânsito. Mais de 1,3 mil foram internadas pelo mesmo motivo.

Cenas fortes

A estudante Beatriz Cristina Ferreira, de 17 anos, da escola estadual Guido Segalho, tentou encarar as cenas fortes passadas nos vídeos com naturalidade, pois espera entrar na faculdade de medicina. “Eu sei bem o que é uma pessoa acidentada por irresponsabilidade no trânsito. Minha avó há poucos meses foi atropelada na faixa de pedestre por um motoqueiro em alta velocidade. Ela perdeu o movimento do braço direito”, relatou.

Já o estudante Aloísio Mendes Moura Alencar, de 15 anos, disse ter absorvido os ensinamentos das palestras e garantido que passará para os demais colegas. “Recebemos várias orientações importantes. Uma delas, e acho que a principal, é não misturar álcool e direção”, disse. A outra escola estadual a participar do programa ontem foi a Francisco Barreto Leme.

Palestras

Entre os palestrantes estiveram no HC membros da Liga do Trauma da Unicamp, da Empresa de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Eles contam o que encontram nas ruas e, em muitos casos, passam vídeos do programa para alertar sobre a gravidade dos acidentes e como eles podem ficar mais comuns quando há ingestão de bebida alcoólica e direção.

O presidente da Sbait afirmou que, por ano, 143 mil pessoas são vítimas no País das chamadas causas externas — homicídios e eventos do trânsito.

Estatísticas

Levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) aponta que, apenas em 2013, 284 mil pessoas ficaram inválidas no Brasil por causa de acidentes de trânsito. No mesmo período, foram 38.011 mortes. Em 95% dos casos, houve falha humana.

Na enfermaria do HC, um grupo de alunos ouviu a história do gesseiro Carlitos João, de 13 anos. Aguardando sua esposa que chegaria de São Paulo para lhe buscar na tarde de ontem, João recebeu alta, mas precisará passar por mais uma cirurgia na perna. Rodeado de alunos, relatou que no dia 30 de outubro uma carreta em alta velocidade bateu três vezes contra a traseira da van que transportava ele e outros cinco colegas, que estavam a caminho da Unicamp para um serviço.

O acidente foi na Rodovia D. Pedro I e o motorista da carreta fugiu. O gesseiro quebrou a perna em dois lugares e já passou por uma cirurgia. Outros três colegas também sofreram ferimentos graves e um deles segue internado. “Falta responsabilidade no trânsito. Podíamos todos ter morrido pois ficamos rodando na pista e por pouco não atingidos por demais veículos”, disse a vítima.

Fonte: RAC.

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