
A espera pela pavimentação da PR-364, trecho entre São Mateus do Sul e Irati, está deixando os moradores da região cada vez mais impacientes e bravos. Segundo informações da agência de notícias do Paraná, a pavimentação é aguardada pela população há mais de 50 anos, e indignados com a situação, chegaram a fazer vários abaixo-assinados e manifestações contra as más condições da estrada.
No início de 2013, a iratiense Diana Serbai, teve de abandonar um serviço que fazia em São Mateus do Sul, porque estava grávida e o trajeto, com tantos buracos, tornou-se arriscado para a sua gestação. Além disso, os riscos de furar o pneu do carro e desgastes mecânicos tornaram o custo de manutenção do veículo muito alto.
Para Diana, a PR-364 está abandonada e ela só acredita que o projeto de pavimentação será executado se houver pressão da população. “Até metade do ano passado, a estrada ainda era trafegável, mesmo sendo apenas cascalho, mas agora está muito ruim, muitos buracos, valetas e pedras. Chega a ser ridículo um estado como o nosso deixar uma estrada com grande potencial econômico nessa situação”, diz.
Assim como muitos cidadãos, Diana acredita que se a pavimentação da estrada sair, melhorará a visão empresarial e industrial da região, pois tornará mais atrativa já que a rodovia liga os Campos Gerais e o Centro Sul do Paraná com o estado de Santa Catarina. “Além de agregar valor turístico, muitos pensam que SC é longe de Irati, mas indo por São Mateus, é bem perto, inclusive é mais uma opção para ir até as praias de SC. Falta representação política na nossa região no âmbito estadual. Se houvesse mais força talvez essa estrada já estivesse asfaltada e estaríamos colhendo os frutos do grande potencial econômico que ela possui, com certeza nossa região será mais atrativa para grandes empresas e indústrias se instalarem, gerando mais empregos”, comenta.
Maria Cecília Fiorello Carvalho, reside há 13 anos em Irati e utiliza a estrada semanalmente. Segundo ela, já teve inúmeros prejuízos com o carro e presenciou diversos acidentes: “são muitos prejuízos decorrentes do uso dessa estrada, teve uma situação que tive que sair da pista, entortei uma roda e quebrei o párachoque. O risco aumenta ainda mais à noite, onde não existe sinalização, muito menos segurança. Já presenciei acidentes, já ajudei outros motoristas que acabaram colidindo com barranco ou rodando pelo excesso de pedra solta e já dei carona para alguns que tiveram dois pneus furados no mesmo trecho. Enfim muitos episódios ruins em virtude das condições da estrada”, desabafa.
Segundo Maria Cecília, a PR-364 sempre se encontra em condições precárias, pois se trata de uma PR com fluxo continuo de veículos, onde há muitos buracos e pedras soltas e não há sinalização. A situação se agrava ainda mais quando chove pois vira em muita lama, gerando riscos mais graves. Outro agravante da estrada é que em dias de sol forte a PR fica tomada pela poeira dando pouca visibilidade aos usuários.
“Espero um dia poder ver essa pavimentação concretizada. Quero acreditar que o poder executivo e legislativo passe a olhar com mais respeito para a nossa região, buscando concretizar velhas promessas em atitudes. A pavimentação melhoraria desde a redução do tempo gasto em trafegar na PR até com relação à preservação dos veículos, diminuindo as quebras. De encontro viria o aumento no fluxo de veículos leves e pesados. Os benefícios seriam o fomento entre o comércio, indústria, prestação de serviços, e a própria agricultura dos dois municípios em torno, bem como da população que reside às margens da estrada, dos estudantes que fazem esse trajeto quase que diariamente além de beneficiar a logística do estado contribuindo para diminuir alguns gargalhos de logística”, é o que diz Maria Cecília.
O sãomateuense, Sandro Zimny Vitonski, sempre utilizou a PR-364, pois é da comunidade de Tijuco Preto e este é o principal trajeto até o centro da cidade de São Mateus do Sul. “Utilizei por anos, dos quais, sete foram deslocamentos diários para cursar ensino fundamental e médio no Duque de Caxias. Poeira, lama e cascalho solto sempre tivemos pelo caminho, literalmente. Porém nunca, nas condições, vistas como as de agora. Chegou a extremos neste último mês, como ter que utilizar um trator, para rebocar um veículo no atoleiro. Estrada deformada, irregular, trechos sem cascalho e reflexo de má conservação”, conta.
Para a pavimentação ser concretizada, segundo Sandro, depende de iniciativa do estado: “o que vimos até hoje, foram uma sucessão de promessas, nada além disso. Não que o estado prometa e não cumpra, mas políticos descompromissados prometem, esse é o mal. Não deveríamos, nem precisaríamos ter de passar, por este ciclo de promessa e depois frustração. Governantes eleitos, refletem unicamente a vontade popular, respeita-se. A política é necessária, Einstein nos ensina que, o ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado. Desse modo, há esperança, lamentavelmente ela acaba por agua a baixo, ou melhor, poeira, lama e buraco”, desabafa.
Sandro tem amigos em Irati, cerca de 60 km de São Mateus do Sul, no entanto, fatores como poeira ou lama, ou caminhos alternativos, aumentam o percurso em cerca de 150 km, distanciando os laços de amizade. “Precisamos lembrar que a região é potencialmente agrícola, portanto uma logística eficiente é fundamental para escoar a produção, quando não há, encarece, e na maior parte das vezes, quem perde é o produtor. Irati abriga um complexo acadêmico excelente, cito a Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO, onde diariamente sãomateuenses deslocam-se, utilizando a PR-364, em uma verdadeira maratona degradante. Ainda, pessoas de outros estados, quando utilizam o trajeto, levam uma péssima impressão da região. Falo isso com precisão, pois, muitas vezes, ao chegarem até o hotel que trabalho, ouvimos seus lamentos, onde, arrependidos por terem seguido o gps, acabaram adentrando a estrada de chão”, finaliza.
DER
O Departamento de Estradas e Rodagens (DER), informou, por meio da assessoria de comunicação, ao Jornal Gazeta Informativa, que está em fase de elaboração do projeto executivo de pavimentação da PR-364. Ao todo serão pavimentados cerca de 47 quilômetros, e a previsão é que o projeto seja concluído no primeiro semestre desse ano. O investimento do projeto é de R$ 1,5 milhão.