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Após encarar crise em 2014, Anfavea prevê produção melhor neste ano.

 

Nas exportações, o pior resultado em doze anos. Nas vendas e na produção, os volumes mais baixos em cinco. Por fim, no nível de emprego, 12,4 mil vagas de trabalho a menos. Esse é o quadro retratado nos números finais da indústria automobilística em 2014, cujo balanço foi divulgado ontem pela principal entidade representativa do setor, a Anfavea.

Junto com a confirmação do desempenho excepcional de dezembro – o terceiro melhor mês da história nas vendas de carros -, o registro positivo do levantamento foi a diminuição dos estoques, o que abre melhor perspectiva para a produção deste ano.

Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, as montadoras produziram 3,15 milhões de veículos no ano passado, uma queda de 15,3% em relação a 2013. Não se via volume tão baixo desde 2009, quando, no auge da crise financeira internacional, pouco mais de 3 milhões de veículos saíram das linhas de montagem.

Os emplacamentos de 2014, de 3,5 milhões de unidades, também foram os mais fracos desde 2009 (3,14 milhões), marcando queda de 7,1% em relação ao ano anterior – que só não foi maior por conta da corrida dos consumidores às concessionárias antes do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), confirmado na virada do ano.

Mas de todas as quedas reportadas pela Anfavea a mais expressiva foi registrada nas exportações. Diante da crise na Argentina, destino tradicional de quatro em cada cinco veículos exportados por montadoras brasileiras, os embarques cederam 40,9%, para 334,5 mil veículos. Foi o menor número desde 2002, ano em que 265,7 mil veículos saíram do país.

Para 2015, as projeções da entidade apontam para estagnação do mercado – que inclui veículos importados -, porém com alta de 4,1% na produção nacional (veja gráfico). A Anfavea está mais otimista com a fabricação de veículos porque prevê a substituição de automóveis importados por nacionais num cenário de valorização do dólar. Em suas contas, a moeda americana, que ontem fechou em R$ 2,67, chegará a R$ 3,10 até o fim do ano. Com isso, a fatia das importações no total de veículos consumidos no Brasil cairá de 17,6% para 16% neste ano, espera a associação.

Adicionalmente, há expectativa de leve reação – alta de 1% – das exportações.

Após a representante das montadoras soltar os números, o UBS divulgou comentário no qual avalia que a queda nos estoques do setor reduz a necessidade de novos cortes de produção em 2015. O banco, porém, ainda tem uma visão mais pessimista do que a Anfavea, ao prever queda de 2% da produção de veículos neste ano.

O balanço da Anfavea mostrou ainda que a indústria de veículos, junto com as fábricas de tratores agrícolas, terminou 2014 com 144,6 mil trabalhadores empregados, 12,4 mil a menos do que a ocupação de um ano antes. Luiz Moan, presidente da entidade, disse que o setor ainda administra excessos de mão de obra, mas voltou a dizer que as demissões anunciadas nesta semana pela Volkswagen no ABC paulista constituem uma “situação isolada”, que não se repete em outras montadoras. “O que está acontecendo é um processo de negociação individual entre Volkswagen e o sindicato”, disse.

Fonte: Valor Econômico.

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