O desemprego caiu em apenas três estados no trimestre encerrado em setembro, revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE. Os estados onde houve recuo no número de desempregados foram Acre, Maranhão e São Paulo. Em Roraima, houve aumento de desocupados, enquanto as demais unidades federativas não tiveram variação significativa.
Os dados constam na última atualização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A coordenadora da pesquisa Adriana Beringuy considera que a queda no desemprego em São Paulo foi fundamental para segurar o resultado nacional, balanceando o fraco desempenho do mercado de trabalho em outros estados. No estado, a taxa recuou de 7,8% para 7,1%.
— A queda no Brasil não foi um processo disseminado nos estados. A maior parte das UFs mostra uma tendência de redução na taxa de desocupação, mas apenas três estados registram queda estatisticamente significativa, principalmente por conta da redução da desocupação. E São Paulo tem uma importância dado o contingente do mercado de trabalho, o que influencia bastante a queda em nível nacional — afirma.
Apenas em São Paulo, o número de brasileiros desocupados recuou 8,4%, indicando um processo de queda por uma menor procura por trabalho, e não por uma maior taxa de ocupação, de acordo com a pesquisadora.
O levantamento mostrou ainda que, nacionalmente, o número de pessoas que procuravam trabalho há mais de dois anos recuou 28,2% no embate entre os terceiros trimestres de 2022 e 2023. Na faixa de procura entre um e dois anos, também houve queda, desta vez de 14,2%.
Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, destaca que a redução do desemprego entre aqueles que buscavam trabalho há mais tempo não aconteceu porque essas pessoas deixaram de procurar por uma oportunidade, mas, sim, porque foram empregadas:
— Temos observado uma redução significativa do desalento, ou seja, daqueles que desistiram de procurar emprego. Essa redução vem ocorrendo desde meados de 2022 e pode indicar uma melhoria no mercado de trabalho brasileiro — afirma.
No trimestre encerrado em setembro de 2023, o desemprego chegou ao menor patamar desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015. Já o contingente de pessoas ocupadas ultrapassou 99,8 milhões, o maior patamar desde o início da série histórica, iniciada em 2012.
Para Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), essa melhora no desemprego de longo prazo era esperada por conta da retomada do mercado de trabalho. No Rio de Janeiro, no entanto, o cenário ainda é desafiador. Cerca de 38% daqueles que estão procurando emprego o fazem há mais de dois anos:
— O Rio de Janeiro é o estado com maior desemprego de longo prazo e vem sofrendo bastante ao longo dos anos, com crises fiscais e políticas que atrapalharam o estado, mss a retomada do turismo pode levar a uma melhora nesse cenário — afirma Tobler.
Informalidade
O contingente de trabalhadores informais no Brasil segue alto, com cerca de 39% da população ocupada estando nessa situação, mas esse percentual foi ainda mais alto no Norte (52,8%) e no Nordeste (51,8%).
Na análise por estado, se destacam entre as maiores taxas de informalidade: Maranhão (57,3%), Pará (57,1%) e Amazonas (55,0%). Santa Catarina (26,8%), Distrito Federal (30,6%) e São Paulo (31,3%) tiveram as menores taxas.
Fonte: O Globo/ Foto: Daniel Marenco