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Região Administrativa de Campinas foi responsável por 18% das exportações no Estado

Com R$ 13,8 bilhões, essa foi a segunda maior participação de uma região administrativa em 2023, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo

 

A Região Administrativa (RA) de Campinas exportou US$ 13,82 bilhões (R$ 70,9 bilhões) em 2023, ficando em 2º lugar em volume no Estado de São Paulo. O valor representou 18,3% do total paulista, que foi de US$ 75,5 bilhões (R$ 387,76 bilhões), sendo o Estado que mais exportou no país, de acordo com estudo sobre comércio exterior divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O resultado revela ainda que as vendas ao exterior da RA foram superiores aos de 19 unidades da federação, cruzandose os dados desse levantamento com os da ComexStat, plataforma de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). As duas fontes usam a mesma base, o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), da Receita Federal.

No Estado, a Região Administrativa de Campinas é superada apenas pela Região Metropolitana de São Paulo, que exportou US$ 16,38 bilhões (R$ 84,12 bilhões), com participação de 21,7% do total. A RA de São José dos Campos aparece em terceiro lugar no ranking (14,7%), seguida pela de Santos (11,7%). No cenário nacional, Campinas ultrapassa estados como Santa Catarina (US$ 11,56 bilhões), Bahia (US$ 11,29 bilhões) e Mato Grosso do Sul (US$ 10,51 bilhões).

Na comparação dos levantamentos da Seade com os da ComexStat, a Região fica atrás apenas de partes dos estados das regiões Sudeste, Sul e Centro- Oeste. São eles São Paulo, Rio de Janeiro (US$ 45,76 bilhões), Minas Gerais (US$ 39,97 bilhões), Mato Grosso (US$ 31,01 bilhões), Paraná (US$ 25,16 bilhões), Rio Grande do Sul (US$ 22,27 bilhões), Pará (US$ 22,25 bilhões) e Goiás (US$ 13,84 bilhões). A Seade coletou dados dos 645 municípios paulistas, dos quais 90 fazem parte da RA de Campinas.

De acordo com o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, pesquisador do Observatório PUC-Campinas que estuda a balança comercial, o resultado da região é reflexo “de uma forte participação do setor industrial, que tem uma produção variada, com a análise da RA incluindo também municípios com exportações agrícolas, o que explica a grande participação nas exportações do Estado”. Para ele, que é professor da PUC-Campinas, a infraestrutura logística da região de Campinas, cortada por algumas das principais rodovias paulistas e do país, e que conta com o Aeroporto Internacional de Viracopos, contribui para facilitar as exportações e atrair novos investimentos. “É uma decisão estratégica das empresas, que instalam escritórios de exportações na região ou plantas produtivas”, afirmou o especialista.

CHEGADA DE EMPRESAS

Apenas o aeroporto, o maior de cargas do país e um dos principais de passageiros, recebeu nos primeiros cinco meses deste ano US$ 246,8 milhões (R$ 1,26 bilhão) em investimentos, realizados por três empresas, para ampliar a capacidade de movimentação de mercadorias. A concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, administradora do local, construiu um novo Terminal Logístico que está sendo implantado em três fases e é destinado às operações de cargas nacionais, internacionais e remessas expressas.
O espaço fica na área do antigo Terminal de Passageiros, que foi desativado em 2016 e passou por ampla reforma nos últimos dois anos. As obras da primeira etapa foram concluídas no mês passado e receberam um investimento de R$ 37,7 milhões para aumentar a área bruta locável (ABL) em 15.215 metros quadrados (m²), com capacidade para processar até 9,5 mil toneladas de cargas por mês. A segunda fase será concluída até dezembro, com a liberação de mais 4 mil m² e com investimento de R$ 17,6 milhões. A terceira etapa será concluída até o final de 2025, com a entrega de mais 20 mil m², onde a empresa aplicará outros R$ 60 milhões.

O atual Terminal de Carga de Viracopos movimentou 300 mil toneladas no ano passado e tem uma área total de 90 mil m². Com mais 39 mil do novo Terminal Logístico, Viracopos terá uma área total destinada ao processamento e armazenamento de 129 mil m², passando a contar com o maior complexo de carga aérea do Brasil.

Viracopos recebeu ainda investimentos de duas empresas de logística. Uma operadora gigante alemã se associou com uma brasileira para investir R$ 1 bilhão em novas rotas cargueiras entre Campinas, Recife (PE), Belém (PA) e Manaus (AM). A operação deste itinerário começou neste mês, com 16 voos por semana. A previsão é movimentar 4 mil toneladas por mês já em 2024. “O que vamos acrescentar na capacidade do Brasil de carga é equivalente a 20% do total de dezembro do ano passado”, afirmou o presidente da empresa no país, Plínio Pereira.

Uma outra empresa de logística investiu US$ 45 milhões (R$ 231,12 milhões) no arrendamento de duas aeronaves para serem convertidas em cargueiros e operar a partir de Viracopos. “Nos próximos 90, 120 dias, já estaremos certificados para voar para cinco países da América do Sul”, disse o CEO da companhia, Cristiano Koga. Os destinos são a Colômbia, Equador, Chile, Argentina e Uruguai. A empresa tem planos de também operar nos Estados Unidos em um prazo de 12 meses.

Uma empresa de fornecimento de equipamentos para marcação, automação, codificação e inspeção de produtos está investindo R$ 20 milhões em Valinhos (SP) para a construção de sua nova sede no país, galpões e de um centro de distribuição nacional. O grupo, que completa 25 anos de atividades em 2024, está consolidado na Região Sul do Brasil e, com esses investimentos, busca firmar-se também como referência no mercado paulista e brasileiro, processo iniciado em 2021.

O novo complexo ficará próximo à Rodovia Anhanguera. Além do modal rodoviário, será atendido também por ferrovias e pelo modal aéreo. “Concentraremos estoques e distribuição nesse novo centro, diminuindo custos com administração, logística e ganhando em operação e produtividade”, explicou o presidente da empresa, Gustavo Müller Martins.

OUTROS DADOS

A pequisa do Seade apontou que os três principais produtos exportados pela região são reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (US$ 4,44 bilhões); automóveis, tratores e outros veículos terrestres (US$ 994,42 milhões); e máquinas, aparelhos e materiais elétricos, aparelhos de gravação ou de reprodução de som (US$747,63 milhões).

De acordo com o estudo, os principais destinos dos produtos são países das três Américas (Sul, Norte e Central), Europa, África e Ásia. O levantamento apontou ainda que a Região Administrativa importou no ano passado US$ 24,93 bilhões (R$ 128,04 bilhões), o que resultou em um déficit na balança comercial de US$ 11,14 bilhões (R$ 27,21 bilhões).

Fonte: Correio Popular

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