Governo de São Paulo formaliza acordo com o consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, vencedor do leilão em fevereiro, em evento em Campinas. Expectativa é que serviço expresso entre as duas cidades entre em operação em 2031
O governo de São Paulo assina nesta quarta-feira (29), em Campinas (SP), o contrato de concessão do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte com o consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, composto pela empresa chinesa CRRC e pela brasileira Comporte, único a apresentar proposta e ser declarado vencedor do leilão para operar o trem entre a capital e a metrópole do interior paulista em um trajeto de 101 km.
A assinatura com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicano) está programada para ocorrer na Estação Cultura, a partir das 11h. A concessão é para explorar o serviço por 30 anos, e a expectativa é que o serviço expresso entre em operação a partir de 2031.
Quando estiver operando, o Trem Intercidades deve fazer as viagens entre São Paulo e Campinas em 1 hora e 4 minutos, em um trem com capacidade para 860 passageiros sentados, operando em intervalos de até 15 minutos nos horários de pico e com passagem de R$ 64. O investimento previsto no projeto é de R$ 14,2 bilhões.
O edital prevê que o Consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos implante trens cuja velocidade máxima chegue a 140 km/h, que é considerada média, mas representaria o transporte de passageiros por trilhos mais rápido em operação no Brasil.
Além do serviço expresso, o consórcio vencedor vai operar um Trem Intermetropolitano (TIM) para atender passageiros em Jundiaí, Louveira, Vinhedo e Valinhos, no interior de São Paulo.
Também será responsável pela operação da Linha 7-Rubi, hoje administrada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que teve um movimento de 99 milhões de passageiros em 2023.
A expectativa é que o serviço intermetropolitano entre em funcionamento até 2029, enquanto o trem expresso, que prevê apenas uma parada de dois minutos em Jundiaí, comece a operar até 2031.
No modelo licitado, tanto o TIC quanto o TIM serão ligados entre as estações Barra Funda e Campinas. A linha 7-Rubi vai até a Estação da Luz.
Quais as ligações previstas?
- Serviço Expresso (Trem Intercidades): São Paulo a Campinas, com parada em Jundiaí;
- Serviço Linha 7 Inicial e o Serviço Linha 7-Rubi: conectam a Estação Barra Funda, em São Paulo, a Jundiaí, e atende às cidades de Franco da Rocha, Francisco Morato, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista;
- Serviço TIM (Trem Intermetropolitano): vai de Jundiaí a Campinas, e atende também Louveira, Vinhedo e Valinhos.
Quem é quem no consórcio?
Responsável por 60% do Consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, a brasileira Comporte controla dezenas de empresas no ramo de transporte, tanto de passageiros quanto de carga. Pertence à família Constantino, que fundou a Gol.
Com 40% do consórcio vencedor do leilão, a chinesa CRRC é um dos líderes mundiais na comercialização de equipamentos ferroviários, exportando para “mais de 100 países e regiões do mundo”.
Já forneceu trens para o Metro Rio e Supervia, concessionárias de transporte do Estado do Rio de Janeiro.
Formada em 2015 após a fusão de outras duas companhias chinesas, tem sede em Pequim, faturamento anual de vendas de US$ 37,8 bilhões e reúne 180 mil funcionários em 46 subsidiárias.
A CRRC destaca que atua em toda a cadeia, de projeto e desenvolvimento, passando por venda, reparos e fabricação, inclusive, locomotivas de alta velocidade – em 2010, produziu um modelo que atinge até 380 km/h.
Histórico do projeto
O Trem Intercidades é discutido pelo governo de São Paulo pelo menos desde 2013, quando foi anunciado para 2014 o prazo para publicação do edital que previa uma Parceria Pública Privada (PPP) para ligar a capital tanto ao interior quando à Baixada Santista.
À época, a proposta previa 430 quillômetros de extensão, com início por Campinas, mas teria dois eixos, um indo de Americana até o litoral, e outro entre Sorocaba e Taubaté. O projeto chegou a ser usado, em 2014, como promessa em campanha de reeleição de Geraldo Alckmin ao governo do estado.
Quatro anos depois, o então candidato ao governo de São Paulo, João Doria, garantiu que iria, se eleito, tocar o projeto do antecessor, ainda com previsão de ligação entre Americana e a capital, em uma PPP sem uso de dinheiro público na implantação.
A discussão pelo Trem Intercidades ganhou um novo personagem quando, em dezembro de 2018, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) defendeu o prolongamento do sistema até Limeira (SP), por entender que o trecho poderia acrescentar um movimento maior ao transporte por trilhos.
Em 2019, o então ministro da Infraestrutura e atual governador de SP, Tarcísio de Freitas, disse em audiência na Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados que o governo federal pretendia atrelar a implantação do trem intercidades, ainda previsto para chegar até Americana (SP), à renovação da concessão das linhas férreas, sob responsabilidade das empresas de carga.
É em 2019 que é dado início a sondagem de mercado do projeto, tendo sido realizadas audiência e consulta pública no ano de 2021, e depois uma sondagem de mercado pública em setembro do mesmo ano.
Em 2022, sob a gestão do governador Rodrigo Garcia, o projeto do TIC Eixo Norte, que já previa a ligação que vai a leilão atualmente, entre Campinas e São Paulo, ganhou uma nova etapa com a assinatura de convênio com prefeituras por onde o trem rápido virá a percorrer.
O Trem Intercidades Eixo Norte (TIC) foi incluído no Programa de Parceria e Investimentos do governo paulista em fevereiro de 2023, e a expectativa era de que o leilão fosse realizado em novembro do mesmo ano, mas uma atualização do edital, com revisão do valor de investimento e com mudanças para ficar “mais atrativo” aos interessados, culminou com a marcação da sessão pública para 29 de fevereiro de 2024.
VLT em Campinas
Na última quinta-feira (23), o governo de São Paulo anunciou a qualificação de um projeto de mobilidade urbana para implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Campinas.
A proposta prevê dois ramais ferroviários, um metropolitano, ligando Campinas, Hortolândia e Sumaré, e outro entre o Centro da metrópole e o Aeroporto de Viracopos, com ligação direta à estação do futuro trem intercidades.
A medida foi anunciada após reunião conjunta do Conselho Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas (CGPPP) e do Conselho Diretor do Programa de Desestatização (CDPED). Os investimentos previstos são de R$ 2,6 bilhões, mas não há prazo para implantação.
De acordo com o governo estadual, a proposta de VLT aprovada pelo CDPED prevê a ligação metropolitana com 22 quilômetros de extensão, e outro ramal, de 22,4 km, entre o Centro de Campinas e o aeroporto internacional.
Além do projeto para Campinas, o governo de São Paulo também habilitou no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) um VLT para Sorocaba (SP), de 25 km de extensão, com previsão de integração ao futuro TIC Eixo Oeste, que ainda não foi a leilão.
Fonte: G1 Campinas e Região