A avaliação sobre o comportamento da economia brasileira neste início de ano, que chegou aos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios, não é animadora. “Não será surpresa se ocorrer uma retração da economia no primeiro trimestre”, disse uma importante fonte do governo. “Teremos um trimestre muito difícil e não adianta dourar a pílula”, alertou.
Mesmo assim, o governo trabalha com um cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3% neste ano, com um maior dinamismo ocorrendo no segundo semestre. “O que pode impedir essa trajetória é o descontrole fiscal e o agravamento da pandemia”, ponderou a fonte.
A expectativa oficial era de uma rápida e intensa retomada. Os dados do segundo semestre do ano passado animaram a todos e o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a falar em retomada em “V”. Já se sabe que isso não vai acontecer.
A mudança de cenário decorre, de acordo com a mesma fonte, do fim dos estímulos econômicos dados pelo governo no ano passado e do recrudescimento da pandemia. Com o auxílio emergencial, o governo injetou algo em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) na atividade econômica, estimulando fortemente a demanda interna.
O efeito negativo do fim do auxílio sobre a atividade econômica era esperado, mas os técnicos consideram que ele coincidiu com a segunda onda da covid-19, que veio com uma intensidade maior do que os especialistas do governo esperavam.
A preocupação da área técnica agora é evitar uma deterioração das expectativas do mercado sobre a sustentabilidade das contas públicas. O debate público em torno da renovação do auxílio emergencial, defendido pelos dois candidatos apoiados pelo governo para as presidências do Senado e da Câmara, já afetou as expectativas. O Ministério da Economia n
Os dados que chegam ao Palácio do Planalto, no entanto, mostram que, mesmo que o auxílio emergencial seja melhor focado e o valor do benefício seja reduzido para R$ 200, ele custará cerca de R$ 7 bilhões por mês. Se o novo auxílio durar três meses, o custo atingirá R$ 21 bilhões. Como este gasto não está no Orçamento deste ano, ele teria que ser feito por meio de crédito extraordinário, com mais endividamento.
Fonte: Valor Econômico