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Transporte sustentável depende de frota nova e rodovias melhores, alerta CNT durante o lançamento do Programa MelhorAR

Confederação participou de dois painéis e apresentou propostas para transformar o ar limpo em política pública e inovação

A CNT defendeu que a renovação da frota de veículos pesados, a melhoria da qualidade das rodovias e a maior integração entre modalidades são medidas essenciais para reduzir as emissões e garantir eficiência no transporte rodoviário. As propostas foram apresentadas durante o 1º Seminário Nacional do Programa MelhorAR, realizado nos dias 7 e 8 de outubro, em Brasília, que reuniu governo, setor produtivo, academia e sociedade civil em torno da pauta do ar limpo. O evento marcou a criação de um espaço inédito de diálogo e articulação para reduzir as emissões do transporte rodoviário de cargas e de passageiros.

O diretor-presidente da Infra S.A. e anfitrião do evento, Jorge Bastos, destacou que o Programa MelhorAR representa uma agenda de Estado. “Estamos construindo um hub de governança que vai permitir monitorar emissões e dar transparência aos resultados. Isso exige coalizão entre os setores público e privado e a sociedade civil.”

A gerente executiva de Economia da CNT, Fernanda Schwantes, participou do painel “Financiando a Transição – O Caso de Negócio para o Ar Limpo” e enfatizou que a pauta da qualidade do ar deve ser tratada como uma política pública concreta, com capacidade de gerar saúde, economia e inovação. “O setor transportador está comprometido com a redução de emissões. Há muitos anos, a CNT tem defendido um programa perene de renovação da frota de veículos pesados e a maior integração entre as modalidades de transporte como medidas fundamentais para a melhoria da qualidade ar. Precisamos criar mecanismos de incentivo aos transportadores, por isso o Selo MelhorAR será uma ferramenta fundamental para esses incentivos.”

Renovação de frota
Já o analista em transporte da CNT, Gustavo Willy Froitzheim, participou do painel “O Ponto de Vista do Transportador: desafios e incentivos na renovação de frota” e chamou a atenção para os entraves históricos enfrentados pelo setor. Ele lembrou que 22% dos veículos pesados têm mais de 25 anos de uso, o que impacta diretamente a segurança viária, os custos operacionais e as emissões de poluentes.

Froitzheim ressaltou que a evolução do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares) para veículos pesados reduziu drasticamente os limites de poluentes locais – cerca de 95% entre modelos das fases P1 e P8. “Se trocássemos apenas os veículos P0, algo como 11% da frota de caminhões registrados para frete, por P8, reduziríamos em cerca de 33% as emissões de poluentes atmosféricos do transporte rodoviário”, disse. Ele também observou que o custo da renovação é elevado: “A renovação total demandaria algo em torno de R$ 1,16 trilhão. Considerando o valor de mercado dos usados, cairia para perto de R$ 845 bilhões”.

Para Froitzheim, “não será possível superar esse desafio com uma resolução pontual ou uma política pública tímida sobre o tema. É preciso elaborar uma política com estratégia robusta, escalonada e que faça sentido para todos os perfis de frotistas”. Entre os principais entraves listados pela CNT, estão a falta de linhas de financiamento para veículos usados, as exigências de garantias, o alto custo das tecnologias embarcadas e o custo do crédito bancário.

A CNT também destacou que o transporte rodoviário responde por cerca de 65% da matriz nacional de cargas. Acrescentou ainda que o uso mais racional e combinado de modais – rodovias, ferrovias, hidrovias e cabotagem – é essencial para reduzir emissões e elevar a eficiência logística do país.

A representante da NTC&Logística, Joyce Bessa, reforçou o desafio financeiro enfrentado pelos transportadores. “Um cavalo mecânico 6×4 pode custar R$ 700 mil; e uma carreta-tanque, R$ 450 mil. O conjunto passa de R$ 1,2 milhão. Sem linhas adequadas de financiamento, muitos não conseguem renovar sua frota.”

Compromisso para o futuro
O Programa MelhorAR busca consolidar uma política pública de transporte sustentável. A expectativa é que a iniciativa reduza emissões, fortaleça a inovação tecnológica e promova uma logística mais limpa e competitiva, reforçando o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população.

O Programa foi instituído pela Portaria nº 192/2025, do Ministério dos Transportes, e prevê a criação do Selo MelhorAR, que vai classificar frotas de acordo com suas emissões. A iniciativa busca orientar investimentos, subsidiar políticas públicas e reduzir custos sociais associados à poluição do ar, estimados em bilhões de reais anuais para o sistema de saúde.

Fonte: Agência CNT

 

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