O governo federal prepara um dos maiores pacotes de concessões rodoviárias da última década, com foco em ampliar a malha de estradas sob administração privada e garantir mais investimentos em infraestrutura de transporte. A meta é ambiciosa: concluir o ano de 2026 com um total de 35 leilões realizados durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para atingir esse objetivo, o Ministério dos Transportes desenvolveu um cronograma que prevê 13 novos certames no próximo ano, incluindo rodovias que já contam com praças de pedágio. A estratégia combina concessões inéditas e a chamada otimização de contratos, um modelo voltado à reestruturação de trechos que enfrentam desequilíbrio financeiro ou obras atrasadas.
Novos leilões e modelo de otimização das rodovias
O plano do governo contempla trechos estratégicos em todas as regiões do país, com potencial de gerar cerca de R$ 148 bilhões em investimentos privados. A expectativa é que a maior parte dos recursos seja aplicada em duplicações, manutenção e obras de modernização, como passarelas, melhorias de segurança e expansão de faixas.
Entre os 13 leilões previstos, seis serão voltados à reestruturação de contratos antigos, chamados de “estressados”. Nesses casos, as atuais concessionárias poderão disputar novamente a gestão dos trechos, mas com novas regras e metas de investimento. Esse modelo busca corrigir falhas em contratos firmados há mais de uma década e garantir a retomada de obras paradas ou não previstas originalmente.
O cronograma de 2026 inclui tanto novas concessões quanto otimizações de contratos. Veja alguns dos principais trechos programados:
Rota dos Sertões (BR-116/BA/PE) – março de 2026
Otimização da Rodovia Régis Bittencourt (BR-116/SP/PR) – março de 2026
Rotas Gerais (BR-116/251/MG) – março de 2026
Otimização da Rota Arco Norte (BR-163/MT/PA) – abril de 2026
Rota Portuária do Sul (BR-116/392/RS) – agosto de 2026
Rodovias Integradas de Santa Catarina (BR-153/282/470/SC) – novembro de 2026
Se o cronograma for mantido, o governo repetirá o ritmo de 2025, quando também foram realizados 13 leilões. Desde o início do mandato, já foram concluídos 22 certames, e o objetivo é chegar ao fim do período com 35 disputas concluídas.
O novo formato tem se mostrado eficiente na atração de investidores. O modelo de otimização, testado em 2025, registrou concorrência significativa, como no caso da Fernão Dias (BR-381), onde a atual concessionária perdeu a disputa para um novo grupo. Essa mudança de gestão é vista como positiva pelo Ministério dos Transportes, pois estimula a concorrência e garante mais investimentos nas estradas.
Impactos e expectativas para o sistema de pedágio
A adoção do modelo de otimização é considerada um avanço na política de concessões rodoviárias. A ideia é oferecer mais segurança jurídica para investidores e garantir que as obras sejam executadas mesmo em contratos antigos que se tornaram economicamente inviáveis.
De acordo com o governo, o sistema de pedágio continuará sendo uma das principais fontes de manutenção e ampliação das rodovias federais. Porém, a nova metodologia de contratos prevê mais transparência na aplicação dos valores arrecadados, bem como cláusulas mais rígidas de fiscalização e prazos de entrega.
Além disso, a Secretaria Nacional de Transporte Rodoviário pretende priorizar projetos em regiões com grande fluxo de cargas e ligação entre portos, polos industriais e áreas agrícolas. Rodovias como a Régis Bittencourt (SP-PR), a Transbrasiliana (SP) e a Rota do Pequi (DF-GO) estão entre as que mais demandam obras de modernização devido ao alto volume de veículos pesados.
Outro ponto importante é que os novos contratos deverão incluir mecanismos de reequilíbrio automático em caso de mudanças econômicas, como aumento de custos de materiais ou variações no tráfego. Isso evita que o governo precise renegociar cada contrato individualmente, garantindo mais estabilidade ao modelo.
Fonte: O Povo
