Objetivo é promover ações que gerem empregos e impulsionem economia local
O governo de São Paulo instalou na quarta-feira (3) na Região Administrativa (RA) de Campinas, formada por 90 municípios, a coalizão empresarial, um plano de desenvolvimento econômico de acordo com o perfil das cidades. O objetivo é, com o apoio de empresários e prefeituras, promover ações que gerem empregos e impulsionem as economias locais seguindo suas vocações, seja industrial, de agronegócios ou turismo. O grupo de Campinas é o 7º instalado no Estado, e o objetivo é instalar em todas as 16 RAs até agosto. Os outros seis criados são em Ribeirão Preto, Santos, Sorocaba, Franca, São José do Rio Preto e Barretos.
Ao fazer a apresentação do projeto, no auditório do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas, para um grupo de empresários, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, disse que a proposta é promover o equilíbrio do crescimento regional. No caso do investimento em uma nova indústria, por exemplo, os efeitos se irradiem para os municípios num raio de até 80 quilômetros, onde se instalariam os fornecedores dessa fábrica.
“Quando você olha para São Paulo, você vê um Estado rico, porém há um desequilíbrio no PIB (Produto Interno Bruto) das regiões e o que queremos com as coalizões é fomentar a cadeia produtiva para que estimulemos o desenvolvimento regional”, afirmou Lima. A RA de Campinas tem a segunda maior participação no PIB do Estado, com 19,8% do total, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo (51,7%).
“Campinas, por si só, é um dos melhores polos (para investimentos) que eu conheço do mundo”, disse o secretário, apontando a microrregião que já está segmentada e com características naturais que atraem a instalação de indústrias, como quatro grandes rodovias (Anhanguera, Bandeirantes, D. Pedro e Washington Luiz); o Aeroporto Internacional de Viracopos, o primeiro em cargas e o segundo em número de passageiros do País; e está a 1 hora do Aeroporto de Guarulhos e a 1h40 do Porto de Santos.
O secretário de Desenvolvimento Econômico considera que, na microrregião de Campinas, uma das ações que podem ser feitas é a formação de mão de obra para atender as demandas das empresas. Para isso, explica, é necessário que empresários e prefeituras apontem as necessidades para que sejam realizados cursos de treinamento promovidos pelo governo estadual ou em parceria com entidades empresariais.
Ele disse ainda que o governo paulista está disposto a discutir a troca do crédito acumulado de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por investimentos, o que beneficiará as grandes empresas. Segundo Lima, a Secretaria Estadual da Fazenda está elaborando uma proposta nesse sentido. “A questão é usar o crédito adequadamente”, disse.
De acordo com o diretor do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, o próximo passo da coalizão empresarial é fazer o diagnóstico das necessidades da região. “Só precisamos começar a trabalhar as diretrizes que vão ser montadas. Em seguida, a gente já consegue movimentar a cadeia produtiva local e regional de maneira efetiva” nas áreas de educação e emprego, afirmou.
Jorge Lima reforçou que a coalizão empresarial é mais ampla e deve envolver todas as cidades. “Você pega o PIB daqui, você tem três cidades que somam R$ 180 bilhões. Outras 77 somam R$ 140 bilhões. Você tem um desequilíbrio enorme de pequenas cidades. Aí você vai ter que fazer o desenho de onde eu acoplo o investimento em que insira as pequenas cidades. Elas não vão ter chance de ter um grande empresa, chance de ter grandes negócios”, disse.
Ele cita como exemplo duas cidades que visitou que têm potenciais de gerar empregos e ampliar os negócios que hoje não são explorados. Em visita a Cravinhos, ficou sabendo que há 20 vinícolas no Estado e outras 35 em construção. Para o secretário, isso pode ser usado para criar a rota das vinícolas paulistas para incentivar o turismo.
No caso de Piedade, é o maior produtor mundial de alcachofra. “Se você tem um negócio desse na mão, você tem que criar marca, criar desenvolvimento, exportação”, disse.
A criação das coalizões empresariais ocorre em paralelo a outras ações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para fomentar o negócio paulista. Na terça-feira (2), a pasta e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), associação civil apartidária, apresentaram o plano de trabalho 2023-2026 para reduzir o chamado Custo São Paulo para melhorar a competitividade das empresas paulistas e o ambiente de negócios. As ações a serem implantadas passam pelo apoio a aprovação do novo arcabouço fiscal em tramitação no Congresso Nacional, aumento da segurança jurídica, desburocratização, capacitação profissional e integração das cadeias globais de produção.
Segundo o presidente do Ciesp, Rafael Cervone, que acompanhou a criação da coalizão empresarial em Campinas, “a indústria não defende subsídios, defende isonomia competitiva, que é diferente. Nós somos vítimas dos subsídios de outros Estados. Isso se mostra, como foi mostrado aqui, pela guerra fiscal”. Para o empresário, a reforma tributária, que será votada pelo Congresso, poderá resolver a questão de Estados que dão descontos de impostos para atrair a instalação de empresas.
“O trabalho prioritário é a reforma tributária, que dá competitividade, dá uma isonomia competitiva. Se isso acontecer, empresas paulistas que foram para outros Estados e até para fora do País podem voltar. Até porque 50% do consumo do Brasil está no Estado de São Paulo. Nós temos consumo e isso faz muita diferença”, afirmou. Para o presidente do Ciesp, a logística paulista também favorecerá a atração de investimentos por causa da descarbonização, que é o cálculo das emissões de carbono envolvidas no transporte de mercadorias. “Pode não ser mais competitivo produzir na China, na Ásia e mandar para o Brasil. A quantidade de carbono aí é muito grande”, disse.
O secretário de Desenvolvimento Econômico ressaltou que a agência de financiamento Desenvolve SP tem R$ 1 bilhão para financiamentos de até R$ 21 mil, com linhas de crédito de longo prazo e juros abaixo do mercado. Ele cita ainda programas para geração de emprego, como o QualificaSP e o Jovem Aprendiz Paulista. O primeiro, que foi lançado em março, envolve 123 mil vagas para curso remoto de Tecnologia de Informação. Porém, segundo Lima, apenas cerca de 12 mil inscrições foram feitas até agora, apesar de no Estado haver 540 mil vagas abertas nessa área. “Aí eu pergunto: cade o jovem ou quem gosta de TI entre os 46 milhões de habitantes (do Estado)?” Para o secretário, é preciso maior divulgação nos municípios para atrair os interessados.
No caso do Jovem Aprendiz, são 60 mil vagas para estudantes de 14 a 18 anos da rede pública de ensino atuarem em micro e pequenas empresas. A capacitação do adolescente será feita pelo governo paulista. Para Lima, “as pessoas querem ter a dignidade de um emprego” e esse é o melhor caminho para promover a distribuição de renda entre a população.
Fonte: Correio Popular/ Foto: Rodrigo Zanotto