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Transportadoras temem inadimplência e pedem reparcelamento de caminhões.

 

 

Temendo um possível colapso financeiro, transportadoras de cargas e entidades do setor procuram uma maneira de negociar refinanciamentos de veículos. Isso porque as empresas não estão conseguindo honrar com as parcelas dos financiamentos de caminhões adquiridos em 2013 pelo PSI (Programa de Sustentação do Investimento).

No ano passado, grande parte dos transportadores envolvidos com o agronegócio projetaram uma nova safra recorde e acabaram aproveitando a baixa taxa de juros do ano passado, que chegou a 2,5% ao ano. Acreditando que 2014 seria um bom exercício por causa do aumento da produtividade, empresas não pouparam esforços para ampliar o patrimônio, como foi o caso da transportadora Nova Fronteira, do Lucas do Rio Verde (MT), que opera o transporte de grãos.

“Compramos muitos caminhões no ano passado, cerca de 15. As taxas eram extremamente atrativas e acreditávamos que 2014 seria bom para nós. Estávamos com 46 caminhões, mas já vendemos dez justamente por conta desse prejuízo”, diz Cláudia Ferreira, contadora da empresa.

Motivo do prejuízo

Miguel Mendes, diretor Executivo da ATC (Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso), explica que uma série de fatores foi determinante para o insucesso da manobra de investimento tão expressiva.

“A partir do segundo semestre houve uma queda muito brusca no frete. Tivemos um problema com o atraso da comercialização do milho, e isso acabou prejudicando a oferta de transporte e a saúde financeira das transportadoras. Aliado a isso, no começo do ano, durante a safra da soja, as tarifas reduziram em torno de 30% a 40% em relação ao ano passado. Temos um terceiro fator, que é o controle de jornada, que reduziu em 40% a produtividade dos caminhões”.

Por conta da alta atratividade, empresas de outros setores se interessaram e acabaram ingressando no transporte de cargas. “A grande oferta de caminhões acabou contribuindo para a drástica redução da tarifa de fretes. Muito caminhão disponível, frete baixo, é essa a regra do setor”, ressalta o executivo.

Remédio

Prevendo que o segundo semestre fosse ainda pior, as empresas se uniram com entidades do setor para solicitar junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma maneira de amenizar o problema. No mês de setembro, o banco acatou a proposta dos transportadores de renegociar o saldo por meio do PSI, que consiste em até 60 meses de prazo para pagamento com até 12 meses de carência.

“Acontece que os bancos intermediários não estão acatando, e isso está gerando um problema sério de inadimplência. Se não mudar a decisão dos bancos, até o fim do ano vai complicar o cenário. O setor tem um histórico adimplente, mas estamos passando por um momento turbulento”, comenta Mendes.

A ATC disponibilizou um modelo de ofício de solicitação de composição de dívida, juntamente com uma carta da própria associação explicando os motivos da crise que se alastrou no setor de transporte rodoviário de cargas. Ambos os documentos devem ser encaminhados pelos transportadores quando for efetuada a solicitação de renegociação junto aos bancos.

Confira a carta da ATC aqui.

 

Fonte: Transporta Brasil.

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