Notícias

Seca no rio Madeira afeta transporte de cargas no Norte

 

O rio Madeira enfrenta uma seca atípica que provoca redução histórica do nível das águas. Isso afeta diretamente o transporte de cargas pela região e, se a situação não mudar, há risco de a navegação ser paralisada, o que prejudicará o abastecimento de produtos em cidades do Norte do Brasil.

O problema maior é enfrentado em um trecho de 250 quilômetros, entre Porto Velho (RO) e Humaitá (AM), onde o nível está cerca de quatro vezes abaixo do que era observado na mesa época do ano, em 2015. Para se ter uma ideia, na segunda-feira, 15 de agosto, o Madeira estava com 2,28 metros na altura da capital de Rondônia. Na mesma data, ano passado, a medição foi de 9,48 metros.

“A situação é crítica pois estamos precisando reduzir a capacidade de carga das balsas, o que também aumentou o tempo de viagem. Os custos operacionais elevaram cerca de 30%”, relata o vice-presidente do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas), Claudomiro Carvalho Filho. Segundo ele, todos os anos há uma redução no nível das águas entre agosto e outubro. Mas está mais grave este ano, o que aumenta o alerta: “estamos só no mês de agosto. Se continuar nesse nível de vazante, nos preocupa uma paralisação total do Madeira”, ressalta.

Na tentativa de evitar o agravamento das condições do transporte, o setor pede redução no represamento de água nas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, ambas em Rondônia. De acordo com Claudomiro, as dificuldades à navegação, ainda concentradas entre Porto Velho e Humaitá, podem se estender a todo o rio em até um mês. “Se não começar a chover e nem tiver uma ação junto às hidrelétricas, para que elas liberem um pouco mais de água para fazermos a navegação, vamos ter problemas de desabastecimento”, diz. Se isso ocorrer, explica o vice-presidente do Sindarma, podem faltar produtos como combustíveis, gêneros alimentícios e materiais de construção.

“O Madeira é imprescindível para a integração da região Norte. Para se ter uma ideia, 60% do que Manaus consome é levado pelo rio”, ressalta Claudomiro. O Madeira movimenta, anualmente, 12 milhões de toneladas de produtos: seis milhões de toneladas de grãos destinados à exportação; cerca de três milhões de metros cúbicos de combustíveis com destino ao Acre, parte do Mato Grosso e Rondônia; e três milhões de toneladas são de carga geral.

O Sindarma está desenvolvendo um estudo para apresentar às hidrelétricas, a fim de que avaliem a possibilidade de reduzir o represamento de água. O tema está sendo debatido com a ANA (Agência Nacional de Águas), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

Outro problema é a ausência da dragagem no Madeira. “Há três anos não acontece dragagem e isso agrava a situação, porque são bancos de areia que se acumulam ao longo do canal. Se tivesse a dragagem, teríamos mais tranquilidade, fazendo uma navegação mais segura e eficiente”.

Natália Pianegonda

Fonte: Agência CNT de Notícias. 

Compartilhe: