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Roubo de cargas encarece frete e produtos na região

 

O clima de tensão criado pelo grande número de roubos de cargas em Campinas obrigou transportadoras a adotar medidas estratégicas para garantir a segurança de motoristas e evitar prejuízos. O problema é que os gastos com proteção afetam as finanças, são repassados ao preço do frete e encarecem produtos. A Federação das Empresas do Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Fetcesp) calcula que os custos aumentem de 8% a 12% o valor do transporte.

Para se defender, as transportadoras investem em equipamentos e profissionais de rastreamento e também adotam horários alternativos para minimizar riscos na hora de levar a carga.

Ainda que dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostrem uma diminuição nos casos de roubo de carga na cidade primeiro no trimestre deste ano, em relação a 2014, a região teve cinco casos de grande repercussão em 20 dias. Entre eles, estão o roubo de dez caminhões de eletrônicos no centro de distribuição do Magazine Luiza, em Louveira, no dia 2, e o mega-assalto de R$ 500 mil em celulares nesta quinta (14), na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Na maioria dos casos, as quadrilhas estão fortemente armadas, com fuzis e metralhadoras.

A empresa Rodovisa Cargas Especiais, com sede em Campinas, afirmou que hoje o custo da segurança no transporte de carga afeta em até 20% o preço de seu frete. A empresa investe pesado em planos de monitoramento e criou uma célula própria de segurança, inteligência e gestão de risco para seus clientes. O departamento tem 11 funcionários qualificados. “Faz três anos que fizemos um enorme investimento em segurança e, ainda assim, sofremos assaltos. Hoje, por mais que a gente previva, as quadrilhas tem grande poder de fogo, com armas que nem a polícia tem”, disse o vice-presidente da companhia, Luiz Guimarães.

Estado
No Estado, esse tipo de crime está em ascensão: em 2011 foram 6.958 casos e, no ano passado, 8.510, aumento de 22%. Em Campinas, até março foram 44 casos. No ano passado, no mesmo período, foram 68 ocorrências.  O assessor de segurança do Fetcesp, coronel Paulo Roberto de Souza, afirmou que os números mostram que as forças de segurança têm dificuldade para neutralizar as quadrilhas especializadas em roubo de carga.  “A única chance que temos é a intensificação da inteligência policial. Ações integradas das polícias Civil, Militar e Federal, como vimos no caso do Magazine Luiza”, disse.

No dia 6, Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prenderem Albiazer Maciel de Lima, homem apontado como responsável da logística do roubo da loja de departamentos, além de um assalto de 50 mil peças na Samsung.
Souza afirma que dados da Federação apontam que a segurança aumenta de 8% a 12% o preço dos fretes. “E quem acaba pagando esse preço é o consumidor final do produto. Por isso o combate a este crime deve ser também prioridade”.


Medo
Os motoristas de transportadores são obrigados a se adaptar a nova realidade nas rodovias e vivem permanentemente com medo de serem assaltados.  Paulo Quintino da Silva, de 41 anos, disse que seu veículo é rastreado e que dirige atento a qualquer movimento suspeito na estrada. “Mas por mais que a gente se previna, não há muito o que fazer. Eles chegam armados e nos rendem com facilidade. Eu entrego para Nossa Senhora”, falou.

Evitar viagens na madrugada foi a medida adotada pela transportadora em que Jeferson Ferreira dos Santos, de 35 anos, trabalha. “Meu maior medo é passar mesmo pela Bandeirantes. Tenho colegas que já foram trancados no baú por muitas horas e feitos de refém. Eu já sofri uma tentativa, mas não parei o carro”, contou. Douglas dos Santos, de 29 anos, também se sente inseguro. “Por mais cuidado que eu tome, na hora do vamos ver, foi ficar na mão deles. Viajar à noite para mim tem sido um pesadelo”, disse.

Polícia
O roubo de cargas é um dos crimes que mais desafiam as autoridades policiais no Estado de São Paulo. Os inúmeros centros de distribuição e depósitos localizados nas margens das rodovias Anhanguera, Bandeirantes e D. Pedro I, além das cargas importadas que entram pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, são chamarizes para as quadrilhas.

O delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Carlos Henrique Fernandes, afirmou que nos últimos anos a equipe de Campinas tem se esforçado para prender integrantes do crime organizado. E, segundo ele, as ações estão dando resultado.“Temos o caso da Samsung e do Magazine Luiza, que foi um esforço integrado nosso. Essas prisões mexem com a criminalidade”, disse.

Fernandes alegou ainda que o aumento de roubo de cargas é “cíclico” e que, quando a repressão policial aumenta, os bandidos acabam migrando para outra modalidade de crime. “De qualquer forma, estamos sempre mudando estratégias. Não dá para investigar do mesmo jeito e esperar resultados diferentes. Conversamos sempre com empresários e vítimas para elaborar estratégias”.

Fonte: Correio.rac.com.br

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