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Projeções do governo para a economia ficam mais pessimistas: inflação sobe, e PIB cai

Equipe econômica corta as perspectivas de crescimento econômico e alerta para dificuldade de conter o aumento da inadimplência com juros altos

Ministério da Fazenda revisou para 5,31% sua estimativa para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2023. A previsão anterior, de novembro do ano passado, era 4,6%.

A estimativa para 2024, apresentada pela primeira vez ao mercado, é de 3,52%. As projeções mais recentes foram divulgadas na tarde desta sexta-feira (17) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve ficar em 5,16% neste ano, contra a projeção anterior de 4,9%. Para 2024, a projeção é 3,3%.

Já o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), deve fechar o ano em 3,85%, contra 4,55% estimados anteriormente. Para 2024, a projeção é 3,8%.

A equipe econômica ainda espera convergência do IPCA do IPCA para meta de 3% a partir de 2025. “Revisão do IPCA de 2023 foi motivada por aumento na projeção de preços monitorados”, disse a pasta.

secretária de Política Macroeconômica do Ministério da FazendaRaquel Nadal, reforçou que a pasta projeta aceleração dos preços monitorados e desaceleração dos preços de alimentos para este ano.

Segundo Nadal, o INPC deve ficar abaixo do IPCA justamente “por sofrer mais influência da variação de preços dos alimentos”.

Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que “é fato que estamos mais otimistas com o país em relação à mediana do mercado”. A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial brasileira em 2023 está em 5,96% atualmente, segundo o último Relatório Focus, do Banco Central.

Mas Mello destacou que diversas instituições financeiras e consultorias vêm elevando as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e que “a incorporação de políticas públicas implementadas pelo governo pode impactar [nas projeções]”. É o contrário do governo, que cortou as projeções para o crescimento da economia em 2023.

“Acreditamos que este é o cenário realista”, disse, afirmando, no entanto, que ao longo do ano a tendência é que haja “mais clareza” a respeito das projeções.

Ele também disse que as novas projeções macroeconômicas apresentadas pela pasta “não alteram em nada o nosso objetivo de trazer [o déficit primário] para 1% (do Produto Interno Bruto) ou menos”.

Corte da projeção do crescimento econômico em 2023

O Ministério da Fazenda revisou de 2,1% para 1,61% a sua estimativa para o crescimento do PIB em 2023. Para 2024, a projeção, sempre de crescimento, foi revisada de 2,5% para 2,34%. Para 2025, a projeção de crescimento do PIB sobe para 2,76%, ante 2,5% estimado em novembro.

A respeito da atividade econômica no Brasil, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que “há tendência de desaceleração na indústria”, enquanto “esperamos crescimento mais robusto no setor agropecuário e extrativista”.

Já o aperto monetário e as “dificuldades de crédito impactam a produtividade”. Ele também destacou uma queda “relevante” nos índices de confiança entre setembro de 2022 e janeiro de 2023

“Depois de janeiro de 2023 há estabilidade, em patamares mais baixos, da confiança”, disse.

Crescimento de inadimplência e juros

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que há no Brasil um “crescimento rápido dos indicadores de inadimplência”.

De acordo com o secretário, o Brasil está “em uma posição um pouco particular, com a maior taxa real de juros do mundo” e a “taxa de inflação está bem abaixo da média internacional e de vários pares”.

O impacto para a equipe econômica tem sido a dificuldade de conter o aumento da inadimplência no mercado. “Uma de nossas prioridades é renegociação dessas dívidas”, disse na entrevista coletiva concedida para comentar o Boletim Macrofiscal, divulgado mais cedo pela pasta.

No caso das pessoas jurídicas, há “crescimento do custo de crédito livre e pequeno crescimento do custo de crédito direcionado”

Ele também disse que as “condições financeiras mais apertadas estão comprometendo indicadores de custo de crédito”. De acordo com Mello, “houve desaceleração no mercado de crédito não bancário, além de ele (crédito) já estar caro e escasso nos bancos”.

“Há muito tempo não se via um aumento expressivo” da taxa básica de juros como o realizado nos Estados Unidos – e, em menor grau, na Europa, reforçou Mello.

Segundo ele, o aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos “impactou a curva de juros” no país, diminuindo o ritmo de atividade econômica americana e global. Essa elevação também “impacta o mercado financeiro global, como estamos observando”.

No Brasil, a elevação da taxa básica de juros também “impacta toda a curva”.

“É um aumento [da taxa básica] meio sem precedentes na história do Brasil”, disse.

Caixa do governo

Já a subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire, afirmou que o boletim mostra ”sucessiva melhora na projeção [do mercado] para resultado primário para 2023”. Em janeiro, a projeção mediana era de R$ 126 bilhões de déficit. Em março, caiu para R$ 99 bilhões de déficit em março.

Ela lembrou que o “governo adotou uma série de medidas para recompor a base tributária”, com o governo esperando “receitas extraordinárias” ligadas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e PIS/Pasep.

Fonte: Valor Investe

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