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Nova safra chegará a portos com infraestrutura ainda precária.

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Principal responsável pelos superávits na balança comercial brasileira, em 2014, o agronegócio deve sofrer novamente com os problemas de infraestrutura e logística que causaram transtornos no ano passado e atrasaram a chegada aos portos, especialmente em Santos (SP) e Paranaguá (PR). Especialistas ouvidos pelo GLOBO disseram que as medidas já tomadas não são suficientes para melhorar a infraestrutura e escoar a safra.
– Os resultados continuarão catastróficos. Quem for a Santos ou Paranaguá verá as mesmas cenas dos sofridos caminhoneiros fazendo armazenagem sob as lonas dos caminhões – disse o coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM, José Luiz Tejon, que acredita que melhora só em cinco anos.
A produção de grãos deve atingir, pela primeira vez, cerca de 200 milhões de toneladas e fontes do governo estimam que o Brasil exportará cem milhões de toneladas de grãos, dez milhões a mais que na safra anterior.
´Mascarar´ a lentidão
O pesquisador Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo, considera que a nova regra que exige o agendamento de caminhões na entrada do Porto de Santos é uma forma de mascarar a lentidão no escoamento de grãos, o que deverá atrasar a exportação de agrícolas:
– Para a grande mídia, a fila pode não aparecer, mas indiretamente ela existe. Os caminhões ficarão parados nos postos..
O ministro da Secretaria de Portos, Antonio Henrique Silveira, destacou que o governo montou uma força-tarefa reunindo a Secretaria de Portos e os ministérios dos Transportes e da Agricultura para melhorar a organização na entrada dos portos e facilitar o trâmite burocrático, com fiscais 24 horas para liberar as cargas. Mas reconheceu que não houve tempo para ampliar a infraestrutura.
– Tenho que reconhecer que, para a safra de 2014, não temos ampliação da infraestrutura de recepção para acelerar o escoamento. Estamos em pleno processo de licitação de novos terminais e contratos extintos serão licitados. – afirmou o ministro.
Silveira considera que o sistema que monitorará o deslocamento dos caminhões de sua origem à chegada ao Porto de Santos é uma das principais medidas para organizar o fluxo, melhorar a qualidade de vida nas proximidades e acelerar o escoamento.
– Podem ocorrer problemas localizados eventualmente, principalmente se houver ocorrências naturais, como temporais, mas faremos tudo para evitar.
O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Miguel Mário Bianco Masella, ressaltou que o governo está criando alternativas para que parte da produção seja escoada em unidades mais próximas do Centro-Oeste.
Balanço da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil mostra que devido à infraestrutura ruim, entre 6% e 13% dos grãos de soja são perdidos no caminho entre a lavoura e o porto. Além desses problemas, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás, José Mário Schreiner, criticou o plano de armazenagem do governo. Disse que poucas obras foram concluídas e reclamou que a linha de crédito para financiar armazéns em geral é bastante baixa.
Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, Glauber Silveira, afirmou que o Brasil não está mais preparado:
– Está tão tonto quanto no ano passado.
Fonte: o Globo.

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