Notícias

Montadoras no País passam a depender de ajuda das matrizes

 

 

No primeiro bimestre, montadoras e autopeças instaladas no Brasil enviaram US$ 12 milhões para as matrizes. Por outro lado, receberam das mesmas US$ 619 milhões em investimentos diretos, segundo dados do Banco Central. Com queda na produção e nas vendas e operando com menos de 40% da capacidade produtiva, a indústria de veículos local depende agora da ajuda externa.

De 2006 a 2013, as remessas de lucros superaram os investimentos diretos recebidos das matrizes, mas o quadro se inverteu nos últimos dois anos. Em 2014, foram enviados US$ 884 milhões para fora do País – 73% a menos que no ano anterior. Já a injeção de capital somou US$ 2,9 bilhões, alta de 56% ante 2013. No ano passado, os porcentuais foram parecidos, com remessa de US$ 271 milhões e entrada de US$ 4,5 bilhões entre montadoras e autopeças.

Se forem somados os montantes enviados em 2015 como empréstimos entre companhias, o valor sobe para US$ 10 bilhões. O investimento direto é injeção de capital feito pelas matrizes, e não há obrigação de devolver esse dinheiro; já os empréstimos entre companhias precisam retornar em algum momento.

“Estamos há três anos operando com prejuízos”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. “É uma relação de acionista, que quando a situação da filial está bem, recebe parte do ganho, e quando está, mal precisa enviar apoio”.

Moan afirma que, mesmo nos anos de remessas recordes, como em 2008 – período que coincide com a crise nos Estados Unidos, que quase levou algumas montadoras à falência – e em 2011, com remessas superiores a US$ 5 bilhões, os valores enviados nunca superaram o porcentual de 4,5% do faturamento das empresas locais.

O executivo não sabe informar até onde vai o fôlego das matrizes em enviar socorro. Moan ressalta, contudo, que as matrizes sabem do potencial do mercado brasileiro e que, se deixar de investir, especialmente em novos produtos e tecnologias, a marca vai sofrer quando o País se recuperar. “Apesar de toda a queda, o Brasil ainda é o oitavo maior mercado do mundo e tem grande potencial, pois já foi o quarto maior”, diz Moan, ressaltando que, até o momento, nenhuma fabricante desistiu de investimentos anunciados.

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Compartilhe: