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Mais de 2,6 mil controladores foram capacitados para defesa do espaço aéreo durante a Copa.

 

O Comando da Aeronáutica estabeleceu, para o período da Copa do Mundo, áreas de exclusão do espaço aéreo brasileiro para garantir a defesa nas áreas dos estádios. No caso da abertura e do encerramento, a áreas irão funcionar de três horas antes até quatro horas depois dos jogos. Nas partidas da primeira fase da competição, o tempo de restrição será de uma hora antes a três horas depois. Nas demais fases, uma hora antes e quatro horas depois. Em entrevista à Agência CNT de Notícias, o chefe do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), coronel aviador Ary Rodrigues Bertolino, fala sobre a preparação da Força Aérea Brasileira para o período.

Como irá funcionar a organização do espaço aéreo?

O Comando da Aeronáutica, para garantir a defesa do espaço aéreo nos estádios, criou três áreas de exclusão, que têm três níveis diferentes de sobrevoo. A área branca, reservada, que varia, em média, a 100 km de raio do estádio. Nessa área somente poderão voar aquelas aeronaves que estiverem identificadas, com plano de voo aprovado pelo Comando da Aeronáutica e seu código transponder conhecido pelo Comando. Ou seja, só voarão aeronaves com origem e destino conhecidas. Mais próximo aos estádios, temos uma área chamada restrita, amarela, que tem como centro o estádio de futebol e um raio de sete milhas, que dá aproximadamente 12,5 km de distância. Nesta área, a aviação executiva geral não poderá atravessar. Já a regular, comercial ingressará normalmente. E, por último, tem a área vermelha, que é a área proibida, até quatro milhas do estádio, que é aproximadamente 7 km. Nesta área só poderão voar as aeronaves autorizadas pelo Comando da Aeronáutica.

E o monitoramento, como irá ocorrer?

O Comando estará com aeronaves de defesa aérea em voo durante a ativação das áreas para garantir a segurança dos estádios. Assim, a defesa do espaço começa lá na área branca, a 100 km de distância, porque se alguma aeronave não identificada adentrar a área branca, ela já será interceptada pela FAB [Força Aérea Brasileira]. Então, na realidade, esse padrão é para poder identificar qualquer anormalidade e as aeronaves da FAB tomarão medidas que têm que ser tomadas de policiamento do espaço aéreo e garantir a segurança em torno do estádio.

Haverá uma central de monitoramento? Foi necessário reforçar contingente?

O Comando da Aeronáutica realiza a defesa do espaço aéreo há mais de 35 anos. O que nós fizemos foi somente uma adequação às cidades-sede. Nós estaremos com nosso comando de defesa aérea centralizado em Brasília, gerenciando as ações. Porém, nós estamos utilizando os recursos humanos e materiais que já temos na defesa do Brasil. Neste momento, existem várias aeronaves posicionadas garantindo a defesa do espaço aéreo. O que nós estamos fazendo é garantindo a defesa aérea de um espaço focal, que são os estádios de futebol. Para isso, estamos tomando medidas que já implementamos em outros grandes eventos, como na Jornada Mundial da Juventude, na Copa das Confederações, na Rio+20. O que fizemos foi apenas aprimorar o planejamento, já que a diferença é que temos mais cidades-sede e por um período mais longo. O Comando da Aeronáutica já está habituado a realizar esse trabalho diuturnamente.

Há serviço de inteligência atuando desde já?

Sim, o serviço está se preparando há bastante tempo, há três anos. E, logicamente, a FAB recebe essas informações dos órgãos de inteligência, como a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para montar as hipóteses e avaliações de risco em torno desses eventos.

Isso exigiu um treinamento diferenciado ou novos treinamentos das equipes?

O que nós fizemos na questão dos controladores de voo foi um treinamento específico para controle do espaço aéreo, porque no dia a dia não temos áreas branca, amarela e vermelha ativadas. E nós vamos ter isso por um período específico. Então, desde outubro de 2012 nós iniciamos treinamentos com todos os controladores envolvidos nesses eventos, que são 2,6 mil, exatamente para capacitar para esta situação específica, que é do dia do jogo.

Esta condição torna o trabalho mais complexo?

Apenas muda um pouco a situação, porque é específica. Os controladores, por exemplo, terão que estar preocupados com a área vermelha e controlar os voos. Então os controladores de defesa aérea trabalharão em conjunto com os controladores da aviação geral por um espaço de tempo e dentro de uma área específica. É apenas adaptar a esta situação.
Natália Pianegonda
Agência CNT de Notícias
Fonte: CNT.

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