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Idade do parque industrial interfere na inovação e aumenta distância para indústria 4.0 que mira mais exportação

Segundo a pesquisa da CNI 12% do parque industrial brasileiro ainda é herança das décadas de 1980 e 1990, anteriores à ampla oferta de internet no Brasil

 

Proposta do Governo Lula no sentido de devolver ao setor industrial maior capacidade e exportação, a meta de ampliar a produção brasileira com tecnologia 4.0 recebeu um duro choque de realidade: A idade do nosso parque industrial é tão alta que interfere na busca por inovação tecnológica das empresas.

O desenho desse cenário está numa pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostra que as máquinas e equipamentos industriais têm, em média, 14 anos, e 38% deles estão próximos ou já ultrapassaram a idade sinalizada pelo fabricante como ciclo de vida ideal.

É uma situação que o governo já havia detectado quando o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin advertiu que o país enfrenta um processo de desindustrialização precoce. Lembrando que na década de 1970, a indústria de manufatura representava mais de 20% do PIB e hoje caiu para cerca de 10%.

O vice-presidente acertou no diagnóstico mas errou na classificação. A indústria brasileira não enfrenta um processo de desindustrialização precoce. Ele está há duas décadas envelhecendo sem que tenha condições de se atualizar.

O governo já avisou que vai colocar R$ 65,1 bilhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para ajudar o setor e que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), as duas últimas vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) também farão aportes.

É pouco diante do quadro tecnológico que o parque industrial enfrenta. A pesquisa diz que entre os setores da indústria de transformação com amostra suficiente para realização da análise, o setor de biocombustíveis se destaca com a maior idade média de máquinas e equipamentos, de 20 anos.

É uma ironia, pois o próprio governo diz que os biocombustíveis vão ajudar na implantação de um descarbonização mais rápida. Agora imagina fazer isso com máquina que tem 20 anos?

Depois das indústrias que produzem biodiesel de soja vem o setores de metalurgia (18 anos) e de impressão e gravação (17 anos). Por outro lado, os equipamentos com menores idades médias estão nos setores de manutenção e reparação (10 anos), informática, eletrônicos e óticos (11 anos), couro (11 anos) e vestuário e acessórios (11 anos).

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