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FLEXIBILIZAÇÃO DA QUARENTENA EM SP DEVE PRIORIZAR COMÉRCIO, ATIVIDADE IMOBILIÁRIA, CONSTRUÇÃO, TURISMO E CULTURA, DIZ GOVERNO

A flexibilização da quarentena no estado de São Paulo deve priorizar setores de maior vulnerabilidade econômica como o comércio, turismo, a atividade imobiliária e a cultura, segundo informou na manhã desta quinta-feira (23), a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
“O comércio, a atividade imobiliária, construção, toda parte de turismo, cultura, economia criativa. Então, essa é a primeira lista como exemplo que a gente sabe que são setores mais impactados e que precisam de uma atuação emergencial mais focada”, afirmou a secretária, em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
Resumo da proposta de reabertura gradual
• Governo anunciou flexibilização gradual da quarentena nesta quarta
• Medidas serão detalhadas somente no dia 8 de maio e devem priorizar setores mais vulneráveis: comércio, atividade imobiliária, construção, turismo e cultura
• Municípios serão classificados de acordo com a evolução da epidemia, em três níveis de risco: zona vermelha, zona amarela e zona verde, conforme gravidade
• Flexibilização e endurecimento das restrições serão revistos diariamente
Nesta quarta-feira (22), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a reabertura gradual da economia no estado a partir do dia 11 de maio.
O plano foi divulgado sem detalhamento. O governo não informou quais estabelecimentos poderão voltar a funcionar no dia 11 de maio em cada região do estado. As informações serão anunciadas somente no dia 8 de maio.
Segundo Patrícia Ellen, o trabalho está em estudo e será aplicado de forma regionalizada, considerando o índice de disseminação da doença.
“Queremos terminar nos próximos dias também o entendimento do comportamento da curva de casos por município. Isso nos permite fazer a comparação para entender em que etapa da pandemia nós estamos em cada região”, afirmou.
Na terça-feira (21), o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, descartou a possibilidade de a capital paulista afrouxar as medidas de isolamento social, uma vez que a cidade é responsável pelo maior número de casos e mortes por coronavírus.
A secretária também não adiantou de que forma o plano poderá afetar o município, disse apenas que o prefeito Bruno Covas tem participado do planejamento. “Nada será feito na capital sem esse diálogo direto com a prefeitura”, disse Patrícia.
Conforme o divulgado, cada município será classificado de acordo com a evolução da epidemia, em três níveis de risco: zona vermelha, zona amarela e zona verde.
Ainda de acordo com Patrícia Ellen, serão monitorados os leitos disponíveis nos hospitais por cada região, diariamente, para saber como as medidas restritivas serão aplicadas. O monitoramento de leitos diários já é feito na cidade de São Paulo.
“O município que está verde um dia, se algo mudar, podemos voltar a ter medidas restritivas”, disse Patrícia.
Casos e mortes em SP
O número de mortes por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 1.134 pessoas nesta quarta-feira (22), segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Já são 15.914 casos confirmados da doença no estado. Nas últimas 24 horas foram 141 novas mortes e 529 novos casos confirmados da doença nos municípios paulistas.
No estado, 241 municípios têm pelo menos um caso confirmado da doença e 100 cidades já registraram pelo menos uma morte. Sete deles possuem mais que dez óbitos (Guarulhos, Osasco, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Paulo e Sorocaba), sendo a maior concentração na capital, com 778 mortes.
A taxa geral de ocupação nas UTIs do estado é de 55,3%. Na enfermaria, é de 63%. Na Grande São Paulo, a taxa de ocupação em UTIs é de 73,7% e nas enfermarias é de 63%.
Vários hospitais de referência já estão com o sistema sobrecarregado. A taxa de ocupação das UTIs dos hospitais mais procurados na capital varia de 60%, percentual registrado no Hospital Geral da Itapevi, a 93%, valor verificado na UTI do Hospital Emílio Ribas, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
De acordo com a Secretaria de Saúde, há cerca de 6 mil pacientes, suspeitos e confirmados, internados em UTI e enfermarias de hospitais de São Paulo.
Testes e protocolos
Em entrevista à GloboNews nesta quinta (23), Henrique Meirelles, secretário estadual da Fazenda e Planejamento, comentou sobre o plano de reabertura econômica. O secretário afirmou que medida prevê a ampliação dos testes e protocolos específicos para cada setor da economia.
“Em primeiro lugar, a testagem em massa vai ser cada vez mais abrangente. Em segundo lugar vamos fazer isso setorialmente, por exemplo, em regiões de maior densidade, onde existe maior disponibilidade de testes e de leitos. Então, apenas no momento em que nós tenhamos dados suficientes sobre determinada região ou setor, nós vamos liberando isso gradualmente. Não há compromisso nenhum com datas específicas para determinado setor, seja setor geográfico ou econômico. Há data para o início do processo, dia 11 de maio”, afirmou o secretário.
“Nós teremos protocolos específicos para cada setor, seja nas cidades menores ou nas maiores. Por exemplo, shopping center, um protocolo específico; escolas, outro protocolo específico; creches, outro protocolo específico. Existirão uma série de protocolos para situações específicas e que vão sendo definidos”.
Também em entrevista à GloboNews nesta manhã, o vice-governador Rodrigo Garcia defendeu o anúncio como uma “demonstração de planejamento”, e disse não acreditar que o detalhamento posterior poderá impactar negativamente no isolamento.
“Foi uma demonstração de planejamento. Não estamos dizendo que no dia 11 de maio tudo estará bem. Teremos uma quarentena heterogênea”, afirmou.
Planejamento
O plano de reabertura da economia após a quarentena foi batizado de “Plano São Paulo”. As autorizações para o funcionamento do comércio vão depender da situação específica de cada cidade ou região do estado.
“Nós não estamos anunciando que no dia 11 de maio nós não teremos nenhuma quarentena. Teremos o Plano São Paulo, flexível, amparado sempre na ciência, na medicina, nas questões regionais, em dados analíticos e também na economia.”
Cada município será classificado conforme a evolução da epidemia e terá três níveis de risco: zona vermelha, zona amarela e zona verde, de acordo com a gravidade. Segundo Patrícia Ellen, secretária do Desenvolvimento Econômico, serão monitorados os leitos disponíveis nos hospitais por cada região, diariamente, para saber como as medidas restritivas serão afrouxadas. O monitoramento de leitos diários já é feito na cidade de São Paulo.
“Primeiro passo é segmentar os municípios de acordo com a situação da pandemia, capacidade do sistema de saúde. Nós receberemos da Saúde [secretaria] a definição de quais os critérios chave, meta de número de casos, quantidade de leitos, testes para sintomáticos e suspeitos. Aqui, vamos precisar de uma colaboração muito grande do setor privado da testagem massiva em grandes empresas, em grandes ambientes econômicos. Nós trabalharemos em conjunto para que as regiões sejam definidas por níveis de risco. Teremos três níveis de risco: zona vermelha, zona amarela e zona verde. Lembrando que hoje nós temos todas as regiões entre a vermelha e a amarela. Para estar na zona verde, nos precisamos alcançar um baixo número de casos, baixa ocupação de leitos de UTI, testes disponíveis para sintomáticos e suspeitos, e protocolos setoriais implementados”, afirmou ela.
David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, disse que vai se basear no crescimento das curvas epidemiológicas para sugerir ao governo as áreas que podem ser reabertas.
“A regionalização é extremamente importante porque o país já é heterogêneo, o estado também e, com isso, a gente precisa ter essa regionalização devido aos fatores críticos em cada uma delas”, afirmou o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.
De acordo com o vice-governador Rodrigo Garcia, a economia do estado não ficou paralisada durante a quarentena e manteve 74% do seu funcionamento. “São Paulo não parou. Praticamente 74% da economia paulista funciona desde o primeiro dia da quarentena decretada no mês passado. A quarentena permitiu ao estado de São Paulo a preparação da rede de Saúde”, declarou.
A quarentena teve início no dia 24 de março nos 645 municípios do estado. Até as 17h desta terça-feira (21), São Paulo registrava 1.037 mortes pelo novo coronavírus e mais de 14 mil casos confirmados.
Algumas cidades do estado já publicaram decretos municipais para a flexibilização da quarentena e o governador de São Paulo condenou a medida. “Não é prudente, não é conveniente que nenhuma cidade do interior do estado de São Paulo rompa a quarentena antes do dia 10 de maio”, afirmou Doria.
Taxa de isolamento
A taxa de isolamento social em São Paulo foi de 57% nesta terça-feira (21). “Quero agradecer a população por ter atendido nosso apelo e este é um número bastante razoável e a nossa busca é estar sempre nesse índice acima de 50% podendo chegar a 60% em algumas regiões, felizmente, ultrapassamos a casa de 60%”, afirmou o governador.
Veja os municípios com isolamento acima de 50%
• São Sebastião, 67%
• Ubatuba, 64%
• Cruzeiro, 64%
• Lorena, 63%
• Caraguatatuba, 61%
• Ribeirão pires, 61%
• Itanhaém, 58%
• São Vicente, 58%
• Mairiporã, 58%
• Caçapava, 58%
• Cajamar, 58%
• Caieiras, 58%
• Bebedouro, 58%
• Pindamonhangaba, 58%
• Ibiúna 57%
• Poá 57%
• Itapecerica da Serra, 56%
• Votuporanga, 56%
• Piraçununga, 56%
• Guaratinguetá, 56%

Quarentena até 10 de maio
Inicialmente, o término da quarentena estava previsto para o dia 22 de abril, mas foi prorrogado até o dia 10 de maio. Com taxa de isolamento abaixo do índice desejado, Doria disse que iria confiar na população. “Fechar estradas e rodovias não há nenhuma decisão nesse sentido. Nós respeitamos apenas as decisões locais de prefeituras de cidades turísticas em relação de limitar acesso durante os feriados prolongados e finais de semana apenas aos residentes e proprietários de casas”, disse na sexta-feira (17).
A medida obriga o fechamento do comércio e mantém apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança.
A prorrogação da quarentena ocorreu devido ao número crescente de casos de contaminação e de mortes registradas, além do baixo índice do isolamento social da população, medida com o sistema de monitoramento que utiliza sinais de celulares para saber se as pessoas estão em casa e localizar aglomerações. O governo diz que a taxa ideal para tentar impedir o avanço da doença é de 70%.
Fonte: G1 SP.
 

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