Os bancos vão aderir ao refinanciamento (Refin) de caminhões adquiridos com recursos do BNDES. Mas ainda vai demorar uns dois meses. A informação é do diretor Adjunto de Negócios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian. Ele fez o comunicado na quinta-feira (13), durante audiência pública convocada pela comissão externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar os desdobramentos da paralisação nacional dos caminhoneiros, realizada no início do ano.
Vian afirmou que havia conversado na véspera com dirigentes dos bancos e que todos vão aderir ao Refin. “O BNDES expediu a circular no dia 3 de julho. Hoje é 13 de agosto. Para nós do sistema financeiro é pouco tempo porque temos de fazer adaptações de normas e de sistemas nas agências”, declarou revista-carga-pesada-audiência-pública-refinanciamento
Ele disse que 90 dias, contados a partir de 3 de julho, seriam um prazo razoável para a implementação do Refin. O problema é que, de acordo com a lei federal 13.126, o benefício só poderá ser concedido até 31 de dezembro. “O risco é 100% do concedente do crédito e não do BNDES. No vencimento da parcela, o BNDES debita o valor na conta do banco, tendo esse recebido do caminhoneiro ou não”, justificou o representante da Febraban.
A superintendente da Área de Operações Indiretas do BNDES, Juliana Santos da Cruz, contou que existem 291 refinanciamentos aprovados no País.
Eles foram encaminhados pelo Banco do Brasil, pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e pelo Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob). Ou seja, nenhum dos grandes bancos privados encaminharam propostas até agora.
Ela lembrou que os juros das 12 parcelas refinanciadas podem não ser os mesmos do contrato original. Aqueles que pagam menos de 6% ao ano pagarão 6% nas parcelas postergadas. Os que pagam mais que isso continuam com os mesmos juros.
Já o gerente Executivo da Diretoria de Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, Orlando Humberto Costa Junior, afirmou que o banco tem 133 operações de Refin, sendo apenas 30 do PSI para microempresas. As demais são para autônomos, por meio do Procaminhoneiro. “Todas as agências estão aptas a colher o refinanciamento”, garantiu.
Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Francisco Beltrão (Sindicat/Sudoeste do Paraná), Janir Bottega, os bancos não têm interesse em agilizar o processo de refinanciamento. “Eles oferecem R$ 20 mil de limite de cheque especial para o caminhoneiro que está com dificuldade de pagar a prestação. E cobram 11% de juros ao mês. Por que vão ter interesse em cobrar 6% ao ano (do Procaminhoneiro)?”, questiona.
Integrante do Fórum Permanente do Transporte Rodoviário de Carga, ele participou da audiência e criticou a voracidade dos banco por lucro. “Nós pudemos debater sobre a ganância dos bancos. Eu disse na reunião que os bancos estão muito vorazes em seus lucros”, declarou.
Fonte: Revista Carga Pesada