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Entenda por que vagas criadas pela indústria em julho têm impacto positivo na economia da RMC

Análise de economista do Observatório PUC-Campinas a partir de dados do Caged mostra que indústria amplia poder aquisitivo dos trabalhadores na região, já que postos gerados no setor apresentam média salarial maior e ainda impulsiona outras áreas, como a de serviços

 

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou o mês de julho com a criação de 2.994 novas vagas de trabalho formal, mas 931 delas chamam a atenção pelo impacto positivo que provocam na economia regional.

De acordo com a economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, os números da indústria são importantes pois o setor é responsável por gerar “postos qualificados” e com padrão salarial maiorEntenda abaixo.

Quantas vagas foram criadas? Segundo o Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), atualizado nesta quarta-feira (30), entre contratações e demissões, os 20 municípios que formam a RMC geraram 2.994 postos de trabalho formal em julho.

Quais setores mais contrataram? O setor de serviços foi o que mais criou vagas, com 958, seguido pela indústria (931) e comércio (783). A construção também contratou mais do que demitiu, com 427 novos postos, enquanto o agronegócio fechou 105 vagas em julho. Veja, abaixo, os dados por cidade.

Cidade Agro Indústria Construção Comércio Serviços TOTAL
Americana 14 38 -11 67 48 156
Artur Nogueira 37 2 -7 -20 12
Campinas -21 182 102 365 576 1.204
Cosmópolis -1 12 -13 27 -67 -42
Engenheiro Coelho -5 37 -1 -10 14 35
Holambra -189 13 -24 23 5 -172
Hortolândia 31 96 35 30 192
Indaiatuba 3 87 -11 66 189 334
Itatiba 6 29 90 -11 -27 87
Jaguariúna -2 15 21 1 64 99
Monte Mor -112 126 -3 60 -14 57
Morungaba 15 -47 -5 -3 -17 -57
Nova Odessa 3 33 -4 -20 -37 -31
Paulínia 2 -109 204 82 195 374
Pedreira 15 -23 1 -16 -23
Santa Bárbara d’Oeste 79 58 45 58 22 262
Santo Antônio de Posse -1 -7 3 -11 5 -11
Sumaré 101 103 12 50 32 298
Valinhos -6 50 -60 4 -38 -50
Vinhedo 266 -17 23 -2 270
TOTAL -105 931 427 783 958 2.994

E por quê as vagas da indústria têm impacto positivo? De acordo com Eliane, que é professora de economia na PUC-Campinas, o setor puxa o chamado “emprego de maior qualidade”, com padrão de remuneração maior e que causa impacto em outros setores.

E qual é esse salário? Ao extrair os dados do Caged, a média salarial dos admitidos na RMC em julho ficou acima do mesmo período que o ano anterior. Está em R$ 2.264,14, contra R$ 2.162 de 2022. Para efeito de comparação, a média de pagamento na indústria ficou em R$ 2.555,72, enquanto no setor de serviços o salário médio dos novos contratados é de R$ 2.170,96.

Comércio (R$ 2.134,31) e agronegócio (R$ 1.773,50) são os setores com a menor faixa de remuneração, enquanto a construção fechou com a maior média salarial (R$ 2.589,85).

Se a construção teve média maior, o por quê da indústria ser importante? Na avaliação da economista do Observatório PUC-Campinas, as contratações na indústria de transformação também impactam em outros setores, como o de serviços mais especializados, gerando outras vagas e também salários maiores em outras áreas.

Ao detalhar os postos criados em serviços, muitos deles têm relação com o atendimento à indústria, com crescimento em transporte e armazenagem, por exemplo.

O que pode explicar esse movimento da indústria? Eliane pontua que a sinalização do Banco Central (BC) de uma redução maior na taxa básica de juros até o final do ano é uma sinalização positiva para o setor industrial e a economia como um todo, que gera uma expectativa positiva.

Além disso, medidas como as renegociações de dívidas, tanto de famílias como empresas, sugerem uma maior disponibilidade de renda para consumo.

“Tudo está interligado. Uma política muito apertada, com taxa de juros alta, o custo do dinheiro fica muito elevado, complicado para quem vai tomar crédito ou já está endividado. Prejudica a receita. Ao renegociar, você libera orçamento das pessoas e empresas para consumo atual, o que gera melhoria na condição de demanda. Não é se endividar de novo, mas é liberar parte do que juros comiam e não movimentavam a economia, consumo presente. Em muitos casos, o orçamento já estava canalizado para gastos que já ocorreram”, explica Eliane.

 

E qual o motivo de 2022 ter gerado mais empregos que 2023? Apesar de destacar como positivo os números de julho, a RMC teve, no mesmo período do ano anterior, 6,8 mil vagas criadas. A economista explica que em 2022 todos os setores passavam ainda por um “reajuste” depois dos impactos severos que a pandemia de Covid-19 causou nos dois anos anteriores.

“O ano de 2022 foi de reacomodação de determinadas atividades, que se expandiram de uma forma para entender o novo cenário. Por ser de acomodação, ele não é o melhor parâmetro de comparação. Ele parte de uma base muito baixa. Agora estamos em uma estrutura que se adaptou, e que serve como uma nova base”, pontua Eliane.

Fonte: g1

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