Sinais apontam para maior otimismo dos empresários, apesar de Selic elevada ainda gerar insegurança
A redução da taxa de juros é o primeiro passo para destravar o crescimento da indústria no Brasil, explicam analistas.
A percepção acontece em um momento de crescimento tímido na produção do setor, mas com uma confiança que já dá sinais de melhora no desempenho.
Na passagem de abril para maio, a produção industrial brasileira cresceu 0,3%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto isso, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), que prevê antecipar tendências do setor, registou um aumento de 1,1 ponto em junho, para 94 pontos, segundo o FGV Ibre.
Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec no Rio de Janeiro, destaca que o resultado positivo da produção é uma consequência de uma recuperação, já que houve um recuo de 0,6% no mês anterior.
Mas o especialista reforça que esses “pequenos crescimentos” acontecem com frequência.
“Se olhamos para a média móvel, temos uma seta para cima, mesmo que essa curva de crescimento seja baixa”, explica.
Para Barros, dado o atual cenário da indústria, o primeiro passo para melhorar o desempenho do setor é “resolver a queda de braço entre governo e Banco Central (BC) sobre a taxa de juros”.
Uma taxa de juros menor deve fazer com que a indústria enxergue o mercado consumidor de forma atraente e, consequentemente, aumente a sua produção, explica o reitor.
Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre e responsável pela divulgação do Índice de Confiança da Indústria (ICI), também avalia que os altos juros praticados na economia são entraves para uma real recuperação do setor.
“O atual cenário desafiador para a indústria, com taxa de juros elevada e aumento do endividamento, ainda cria um ambiente de incerteza nos empresários em relação a um segundo semestre difícil, porém com alguma melhora na demanda”, avaliou o economista em nota sobre o resultado do indicador.
Efeitos dos juros
O mercado espera que o início do corte na taxa de juros aconteça em agosto, expectativa reforçada pela última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no mês passado.
Sergio Vale, comentarista de economia da CNN, destaca um ponto do documento que mostra que a maioria do colegiado vê espaço para um afrouxamento da política monetária já no próximo encontro.
“O trecho dá a senha para uma provável queda em agosto. Não estava explícito no comunicado, mas agora ficou claro que o grupo majoritário vê a queda a partir de agosto”, explica.
Samuel Barros avalia que, caso essa queda se confirme, já será uma boa sinalização para a indústria.
“Mesmo que seja uma redução pequena, já poderemos sentir um movimento do setor”, explica.
Fonte: CNN