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Convivência entre gerações fortalece jovens gestores

 

Mentes jovens em cargos executivos podem ter muito a agregar nas organizações. Mas também, muito a aprender. Daí porque a convivência e as trocas entre diferentes gerações podem fortalecer o desempenho e aprimorar o desenvolvimento pessoal dos mais novos gestores de empresas.

Na Avianca, uma das maiores companhias aéreas do Brasil, esse assunto é levado muito a sério. Tanto que, há cerca de três anos, a empresa desenvolve um programa de mentoring, no qual os executivos de mais idade atuam como mentores de outros, mais novos, a fim de auxiliá-los e estimulá-los.

O vice-presidente da companhia, Tarcísio Gargioni, conta que o programa busca mesclar as áreas de atuação: os mentorados são gestores que não estão na mesma área dos mentores. “Há uma transferência de conhecimento e de experiência de vida. E é interessante que o jovem, mesmo com todo ímpeto, que é característica sua, ouve e pensa, reflete sobre as experiências passadas. A gente tem liberdade de falar e de transferir as experiências positivas e negativas, as que deram certo e as que deram errado. E aí há um equilíbrio. Isso ajuda a definir horizontes de caminho, seja no aperfeiçoamento, na formação de atitudes, de comportamentos, de visão de mundo”, conta.

Com 70 anos de idade e décadas de experiência no transporte, Tarcísio Gargioni visualiza características nesses profissionais que favorecem o ambiente organizacional. “Os jovens são melhor informados do que nós quando tínhamos a idade deles, estão mais por dentro das melhores práticas no mundo. O jovem é mais globalizado, e isso é muito bom”. Outros traços que marcam a nova geração de executivos exigem algumas adaptações, tanto pelos próprios quanto pelas empresas. “Eles gostam de mais flexibilidade para agir, mais liberdade, um pouco menos de hierarquia. Mas isso também tem aspectos positivos porque a organização fica menos engessada, mais leve”.

Mas se tem uma coisa com a qual precisam aprender a lidar melhor é o tempo. Para Tarcísio, a vontade de fazer acontecer rápido pode ser boa; mas, dependendo o ramo de negócio e do que está em jogo, pode não funcionar bem. “Eles atropelam o dia a dia e podem cometer alguns erros estratégicos pela ansiedade de querer fazer logo. Mas existem certas coisas que precisam maturação. Há projetos que têm de ser implementados com certo nível de consistência. E o jovem, às vezes, no ímpeto de querer fazer tudo muito rápido, desarticula a ordem natural das coisas”, comenta. Daí, destaca ele, o valor do aconselhamento proporcionado pela troca de experiências entre diferentes gerações.

Novas gerações, velhas práticas: o desafio da sucessão familiar

Com experiência no modal rodoviário, o vice-presidente da Avianca falou à reportagem também sobre sucessão familiar. Segundo Tarcísio Gargioni, o segmento tem, como característica, empresas familiares, cuja sobrevivência depende da renovação de práticas de gestão, o que exige planejamento de sucessão familiar.

“Em algumas empresas, a segunda ou a terceira geração se profissionalizaram e assumiram de maneira natural e muito bem o negócio. Mas outras não fizeram isso: mantiveram a posição do pai ou avô fundador como dono da verdade e acharam que a própria empresa daria sustento para as gerações seguintes. Mas os sistemas de gerenciamento são diferentes, os clientes têm outras exigências. Com isso, muitas sucumbiram, foram vendidas, outras fecharam”, diz ele.

Por isso, Tarcísio Gargioni reforça que o papel de herdeiro e o de executivo têm de ser dissociados. É preciso, também, saber quem tem talento e capacidade para gerir o negócio. A preparação para que os mais jovens toquem a empresa da família passa, então, por conscientização e profissionalização. Técnicas e práticas de sucessão já disseminadas também ajudam. E, por fim, incorporar um novo conceito: “não se trata mais de empresa familiar, mas de família empresarial. A hora que mudar isso na família se resolve 80% dos problemas”, aconselha.

Natália Pianegonda

Fonte: Agência CNT de Notícias.

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