A região de Campinas ocupa a quarta posição no ranking de roubos de carga entre as 12 regiões paulistas, conforme estatísticas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) no último dia 30. De janeiro a agosto deste ano, foram registrados 190 assaltos a caminhoneiros, sendo que 40,5% (77) ocorreram dentro do município de Campinas. Embora significativo, o número é inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 242 roubos, dos quais 78 ocorreram em Campinas. A posição da região no ranking estadual permanece inalterada em comparação ao ano anterior.
A região de São Paulo lidera com 1.314 ocorrências, seguida pela Grande São Paulo (exceto a Capital), com 781 casos, e Santos, com 222 roubos nos primeiros oito meses deste ano. As regiões de Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Bauru registraram os menores índices desse tipo de crime, com 1, 2, 4 e 8 casos, respectivamente.
Campinas é atravessada por três das principais rodovias que conectam a capital paulista às principais regiões do país: Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348) e Dom Pedro I (SP-65). Além disso, outras rodovias importantes para o escoamento interestadual, como a Santos Dumont (SP-75), Jornalista Francisco Aguirre Proença, Governador Doutor Adhemar Pereira de Barros (SP-340) e Professor Zeferino Vaz (SP-332), também passam pela região.
Na última quinta-feira, a Polícia Militar Rodoviária (PMR) recuperou um caminhão e uma carga de açúcar mascavo avaliada em R$ 35 mil, após ser informada do furto em um posto de combustível na Rodovia Anhanguera, em Nova Odessa. O caminhão foi avistado trafegando na Rodovia SP-340, em Campinas, já com as placas adulteradas. O criminoso tentou fugir por 25 km, contando com o apoio do Helicóptero Águia da Polícia Militar. No caminhão foram encontrados um bloqueador de sinais de comunicação e chaves micha usadas para ligar o veículo. O criminoso, morador de Campinas, tem 35 anos.
No dia anterior, o grupo especializado em repressão a crimes de roubos de cargas e caminhões da Delegacia da Polícia Federal (PF) em Campinas desarticulou mais um grupo criminoso que atuava entre a capital paulista e Campinas. Cinco homens foram presos, um deles em flagrante. Todos os integrantes residem em Barueri e foram investigados por 21 assaltos entre maio e agosto deste ano, em 14 cidades da Grande São Paulo e região de Campinas. Um dos presos era suplente de um vereador em Carapicuíba.
A quadrilha, que agia desde 2023, não tem relação com grupos criminosos desarticulados pela PF em ações anteriores. Os bandidos atacavam em locais de descanso dos caminhoneiros, quebrando o vidro do caminhão para render a vítima. Eles revezavam o armamento entre fuzil, pistola e revólver, focando em caminhões articulados, pois queriam apenas o trator mecânico.
Desde a formação do grupo especializado da PF em 2021, até a semana passada, 195 pessoas foram presas por envolvimento em roubos de cargas. Segundo o delegado Edson Geraldo de Souza, a PF constatou que os criminosos agem de três formas: golpe do frete, atraindo as vítimas com falsos transportes divulgados por aplicativos; abordagem em movimento nas rodovias; e ataques durante os horários de descanso dos motoristas.
Por outro lado, a Polícia Civil constatou que em 20% dos casos apurados há participação do motorista no crime, o chamado roubo “chave na mão”. “A Polícia Civil tem 76% de resolutividade dos casos registrados e, dentro deste universo esclarecido, constatamos que 20% deles envolvem motoristas que simulam o roubo”, disse Bardi.
De acordo com o diretor do Deinter 2, apesar da pronta resposta, ainda falta estrutura para combater esses crimes, pois as polícias não conseguem estar presentes em todos os locais para monitorar as quadrilhas. “Existe um esforço das forças de segurança, como o patrulhamento desenvolvido pela Polícia Militar nas estradas e nas cidades, o que reforça o combate a essa modalidade criminosa. A Polícia Federal também atua quando se trata de transporte interestadual. Há uma força conjunta entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Polícia Federal para manter esse tipo de delito sob controle”, frisou Bardi.
“Os índices da nossa região estão caindo e estamos lutando para ficar no final dessa fila de regiões”, acrescentou Bardi, referindo-se ao fato de Araçatuba ter registrado apenas um caso de roubo a caminhão. “Araçatuba ganha de um lado, mas perde por outro, pois há muita apreensão de drogas na região, que faz parte de uma rota de tráfico de drogas por caminhões que entram no estado de São Paulo trazendo drogas do Mato Grosso”, observou o delegado.
Fonte: Correio Popular