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Campinas amplia captação de recursos junto à Desenvolve SP

Nos primeiros sete meses deste ano, o município obteve financiamentos da ordem de R$ 30,1 milhões da agência de fomento do Estado

 

Campinas teve aumento de 242% nos primeiros sete meses deste ano na captação de créditos junto à agência de fomento Desenvolve SP, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE). O montante obtido, dentro de uma linha de financiamento destinada a prefeituras e micro e pequenas empresas, foi de R$ 30,1 milhões de janeiro e julho. Em igual período no ano passado, os créditos somaram R$ 8,8 milhões. O crescimento nos financiamentos ao município foi o maior entre as 90 cidades que formam a Região Administrativa (RA) de Campinas, que teve alta média de 91%.

No caso de administrações municipais, a agência libera empréstimos para 16 áreas, entre elas projetos de cidades inteligentes, iluminação pública, saneamento e pavimentação. Uma das obras públicas financiadas pela agência foi o recapeamento de cerca de 70 quilômetros de vias em Campinas. A troca da pavimentação e renovação do sistema de drenagem serão feitas este ano através de um financiamento de R$ 80 milhões do Desenvolve SP assinado no ano passado.

Em relação à iniciativa privada, os financiamentos são voltados para ampliação, modernização, aumento da capacidade produtiva, projetos de preservação de meio ambiente e novas plantas ou franquias. Nesse caso, a proposta é oferecer juros competitivos e até dez anos de prazo para pagar. As taxas das linhas de financiamento vão de 0,04% ao mês acrescido de Selic até Taxa Referencial, mais 7% ao ano, dependendo da modalidade.

No caso de empréstimo para capital de giro, por exemplo, a Desenvolve SP cobra 0,57% ao mês mais Selic, enquanto as taxas disponíveis no mercado são de juros de 1,87% ao mês, além da Selic. Para conhecer as linhas, os interessados podem acessar o site da agência – desenvolvesp. com.br -, fazer a simulação do custo e encaminhar o pedido. “Para as micro e pequenas empresas, essas linhas de crédito representam um capital extra para investir onde se espera que a empresa cresça”, diz o economista César Augusto Moreira Bergo.

IMPORTÂNCIA

Para o microempresário Fernando Chicareli, a possibilidade de financiamento “é importante para o momento em que precisa investir, mas não tem dinheiro”. Ele e o pai reabriram há dois meses, com recursos próprios, uma oficina autorizada e loja de equipamentos para piscina de condomínios, que estava fechada desde 2019. Agora, pretendem ampliar o negócio e incluir a venda de produtos para limpeza de piscinas. “A ideia é oferecer o serviço completo e fidelizar o cliente”, explica.

No momento, negociam com possíveis fornecedores a venda a prazo, uma alternativa para evitar a aplicação imediata de um volume de recursos. Os microempresários também não empatam dinheiro em estoque. No caso da venda de uma bomba d´água, por exemplo, eles negociam com a indústria e retiram o item que será entregue ao cliente. Chicareli lembra que no passado o pai já utilizou uma linha para ampliar o negócio, o que na época foi importante para a empresa.

Juliane Fernandes também usou dinheiro do próprio bolso para abrir há três meses, na Vila Industrial, um bar e restaurante temático afro-brasileiro, voltado para um público umbandista e fãs de axé e samba de terreiro. “Quando falei em abrir a empresa, me falaram que não ia dar certo. Entretanto, o local lota aos domingos, quando tem a roda de samba. O pessoal fica até na praça (localizada em frente no estabelecimento)”, diz a empreendedora. Ela não descarta a possibilidade de no futuro buscar financiamento para investir no negócio, seja para ampliar ou compra de equipamentos.

“Se tiver necessidade, com certeza vou buscar um empréstimo”, afirma. Para Juliane, esse é um passo que precisa ser dado com cuidado para evitar uma possível inadimplência, algo que poderia colocar em risco a manutenção do bar. A microempresária diz que é preciso usar o princípio de educação financeira que adota desde adolescente, poupando recursos e assumindo apenas dívidas que terá condições de pagar.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) alerta que, para as micro e pequenas empresas, essas linhas de crédito representam um capital extra para investir onde se espera que o negócio cresça. Por esse motivo, é importante definir em quais momentos o empréstimo será necessário. A entidade pontua que a alternativa deve ser a busca de uma solução rápida para obtenção imediata de capital de giro, manter o fluxo de caixa, compra de ativos ou investimentos em ampliação e melhorias.

REGIÃO

Na RA de Campinas, as liberações de financiamentos nos primeiros sete meses deste ano somaram R$ 101,2 milhões, contra R$ 53 milhões em igual período de 2022. Ouras cidades que também apresentaram crescimentos significativos foram Americana, com alta de 135,7%, totalizando R$ 3,3 milhões, Piracicaba (123,5%, chegando ao montante de R$ 3,8 milhões) e Limeira (35,7% – R$ 1,9 milhão).

Dentro da Região Administrativa, uma gráfica de Bragança Paulista recorreu ao crédito da Linha Economia Verde (LEV) – Máquinas para investir na instalação de um sistema fotovoltaico para geração de energia para alimentar as máquinas de impressões offset e de serviços rápidos. Após fazer as contas na ponta do lápis, a empresa chegou ao resultado de que aqui a cinco anos vai reduzir em até 94% os gastos com energia elétrica, o que garante o retorno do investimento.

“Se hoje pago entre R$ 1,1 mil e R$ 1,5 mil de conta de energia, lá na frente vou tirar do bolso cerca de R$ 100”, afirma Paulo Sérgio Tadeu do Amaral, um dos sócios da gráfica. “Com o investimento quitado, só vamos ter ganhos”, completa. A instalação dos painéis fotovoltaicos foi ensaiada por vários anos, sem sair do papel. No começo do ano, o projeto chegou a correr o risco de ser abandonado por causa das mudanças na legislação no setor de energia solar, quando passou a vigorar a cobrança da taxa de 15% ao ano e que aumentará gradativamente até 2029.

O percentual será cobrado pelo uso da infraestrutura disponibilizada pela distribuidora de energia elétrica. Antes, quem instalava os painéis fotovoltaicos ficava isento da tarifa. “Vimos que mesmo com a mudança valia a pena fazer o investimento para gerarmos a nossa própria energia. A economia ficou menor, mas ainda é atrativa. Em anos anteriores o valor da energia elétrica oscilou muito e só cresceu”, afirma o empresário.

A LEV – Máquinas financia máquina e equipamentos que promovem a redução de emissões de gases de efeito estufa e minimizam o impacto da atividade produtiva no meio ambiente, diminuindo o consumo de energia e/ou combustíveis com ganhos sustentáveis. A taxa cobrada para esse tipo de crédito é a partir de 2% ao mês, acrescido da Selic, com prazo de até 60 meses e carência de um ano.

A agência lançou em 2023 as linhas de crédito Desenvolve Mulher e Desenvolve Mulher Sustentável, voltadas a empresas administradas por mulheres, e a Agroindústria Investimentos, para o financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas. No final de junho, a agência também colocou à disposição dos empresários um crédito de R$ 500 milhões destinados a iniciativas que promovam a descarbonização – alternativa sustentável aos combustíveis fósseis como fonte de energia. O valor é direcionado ao apoio a startups de inovação tecnológica alinhadas à descarbonização.

Fonte: Correio Popular

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