Pesquisa da Ipsos, realizada este ano em 31 países, revela como o brasileiro percebe a importância da infraestrutura no país
A infraestrutura de um país diz muito sobre ele, seu povo, líderes e sua capacidade de seguir prosperando. É condição necessária para o seu desenvolvimento econômico e social. É ela quem contribui diretamente para a elevação do PIB. No que diz respeito à pobreza e à desigualdade, a infraestrutura adequada pode impulsionar melhorias e geração de renda, bem como um maior crescimento na produtividade dos setores tradicionais da economia e construir novos caminhos para inovações econômicas e sociais.
No entanto, a realidade da infraestrutura de muitos países ao redor do mundo ainda é bem desafiadora. No Brasil, temos um retrato de um país que, para a maioria dos brasileiros, os seus investimentos em infraestrutura estão “deixando a desejar”. A afirmação parte de dados de uma pesquisa Ipsos, o Index de Infraestrutura Global, realizada este ano em 31 países.
O resultado coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking dos menos satisfeitos com sua infraestrutura. Quando perguntados se, como país, não estamos fazendo o suficiente para atender às nossas necessidades de infraestrutura, 73% dos entrevistados brasileiros concordam com a afirmação. A insatisfação está acima da média global, que é de 56%. O país está atrás apenas da África do Sul e da Romênia, ambas com 78%.
Mudanças climáticas e economia
Sobre o aspecto de defesas contra inundações – situação que vem colocando o mundo todo em alerta devido às mudanças climáticas-, no Brasil o entrevistados não acreditam que a infraestrutura do país seja boa para conter problemas relacionados a isso. Aqui temos uma taxa de aprovação de apenas 28%. Embora esteja na dentro da média global (30%), o país fica em 18° do ranking.
Enquanto isso, o brasileiro é o que mais crê que o investimento em infraestrutura pode ajudar na redução do impacto das mudanças climáticas (75%), além de acreditar que tal investimento pode alavancar a economia (77%, 5º país que mais concorda com a afirmação).
Em contrapartida, 75% dos entrevistados no Brasil também não acreditam que a atual infraestrutura conseguirá lidar com as consequências decorrentes das mudanças climáticas. O país fica somente atrás da África do Sul (80%), Argentina (75%) e Itália (75%) no ranking dos mais pessimistas.
Saneamento básico
Na questão de abastecimento de água e sistema de esgoto, um dos grandes desafios do Brasil, a satisfação dos brasileiros se encontra dividida com 49%, ficando abaixo da média global de 54%. No ranking, o Brasil está na 21ª posição. Os países menos satisfeitos são: Peru (18%), Itália (28%) e África do Sul (29%). No TOP 3 aparecem Singapura (88%), Holanda (81%) e Austrália (74%).
Muito trabalho
Para muitos especialistas, os três principais problemas em infraestrutura no Brasil podem ser resumidos em: falta de investimento, falta de planejamento e excesso de burocracia. No entanto, trata-se de um problema muito complexo. A necessidades de investimentos em infraestrutura varia entre países e setores e, na maioria dos casos, os recursos públicos talvez não sejam suficientes para o avanço.
Pensar o desenvolvimento de um país é também entender o quanto suscetível a infraestrutura se torna sob o ponto de vista dos diversos atores envolvidos – muitas vezes há interesses próprios, de grupo de negócios específicos, poder e manutenção de status quo envolvido. Pensar o desenvolvimento da infraestrutura de um país deveria ser pensar o coletivo, a nação, mas não é.
A infraestrutura precisa urgentemente ser vista pelos setores público e privado com novos olhos, considerando o seu impacto social, a sustentabilidade, novas parcerias e o compartilhamento de informações e resultados como forma a ampliar não só a capacidade do país em gerar negócios, mas de criar novos modelos de infraestruturas que contemplem a eficácia e o aproveitamento máximo de recursos e a potencialidade das futuras gerações. Fácil? Jamais. Impossível? Não deveria, mas ainda parece ser.
Fonte: Consumidor Moderno