Notícias

BC diz que cortes de 0,25 ou de 0,5 ponto no juro na última semana eram compatíveis inflação na meta

Avaliação consta na ata da última reunião, em que Copom cortou 0,5 ponto na Selic, hoje em 13,25% ao ano. Documento aponta para novos cortes futuros, mas sem intensificar ritmo

 

O Banco Central informou nesta terça-feira (8) que uma redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual ou em 0,5 ponto percentual, ambas avaliadas na semana passada, eram “compatíveis com a convergência da inflação para a meta” nos próximos anos.

A informação consta na ata da última reunião do Copomquando a taxa básica de juros da economia foi reduzida de 13,75% para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte de juros me três anos. O documento foi divulgado nesta terça.

A ata também indica que o Copom seguirá reduzindo os juros nas próximas reuniões, mas no mesmo ritmo atual – ou seja, sem reduções de 0,75 ou 1 ponto, como já se especulava no mercado.

O mercado financeiro já projetava, antes da reunião da semana passada, o início do ciclo de cortes de juros pelo Banco Central. Entretanto, ainda havia dúvidas sobre o tamanho da redução.

  • A maior parte do mercado acreditava que a diminuição seria menor, de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano.
  • O BC, entretanto, optou por uma postura mais agressiva e baixou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
  • O presidente do BC, Roberto Campos Neto, precisou dar um voto de minerva em favor de um corte maior nos juros, algo que não acontecia há 16 anos.

“Durante o debate, o Comitê julgou haver mérito tanto na opção de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual como em 0,50 ponto percentual, reforçando que, qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com ‘reancoragem’ apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária [corte dos juros]”, informou o BC.

A redução da taxa Selic aconteceu após reiteradas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes da área econômica, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

Mas só teve início após a inflação começar a mostrar um comportamento melhor nos últimos meses. Em maio, a inflação oficial desacelerou para 0,23% de alta. E, em junho, foi registrada deflação, ou seja, queda de preços, de 0,08%.

Novos cortes de 0,5 no horizonte

 

Se houve dissenso em relação ao corte da última semana – 0,25 ou 0,5 ponto percentual –, a ata do Copom afirma que houve “unanimidade” sobre a previsão de cortes futuros de 0,5 ponto na Selic.

Os membros do comitê avaliaram que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário“, diz o documento.

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, afirma a ata.

O Copom afirma ainda que o “cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado“, e que é “pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes” – ou seja, cortes mais agressivos que 0,5 ponto.

Segundo o comitê, essa intensificação “viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”.

O texto diz, ainda, que a “extensão do ciclo” de corte de juros dependerá da “evolução da dinâmica inflacionária”. O Copom não projeta, no entanto, qual será o novo patamar da Selic ao fim desse ciclo.

Como as decisões são tomadas

 

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC olha para frente.

Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o início de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

Compartilhe: